Sobre Cibercultura - livro do Pierre Levy

Árvores do conhecimento

Árvores do conhecimento

por Mirian Amaral -
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LÈVY, Pierre. As árvores de conhecimentos, um instrumento para a inteligência coletiva na educação e na formação. Cibercultura. Trad. De Carlos Irineu Costa. São Paulo: Edit. 34, 1999, cap. XII, pp177-83., (5ª reimp., 2005)

Breve resumo

Lévy e Authier (1995) acreditavam que problemas tais como a exclusão social, o desemprego e o fracasso escolar derivavam do não-reconhecimento da representatividade de um indivíduo, no meio coletivo. Para os autores, as árvores do conhecimento – dispositivos informatizados que possibilitavam reconhecer, visualizar e contextualizar diferentes saberes, poderiam minimizar/contornar esses problemas, na medida em que fomentassem a troca e a produção de conhecimentos.

Nessa abordagem, todos os membros de uma comunidade podem obter o reconhecimento de toda a diversidade de suas competências, mesmo as que não forem validadas pelos sistemas escolares e universitários clássicos.

Trata-se de um mapa dinâmico, visível na tela, que possui o aspecto de uma árvore. Considerando que cada posição ocupada por determinado saber expressa um momento dado e os itinerários de aprendizagem possíveis para ter acesso a esta ou àquela competência, sua característica básica é a flexibilidade e a maleabilidade, pois tais saberes e experiências dos membros da coletividade evoluem em tempo real. Assim, "a árvore de uma comunidade cresce e se transforma na mesma medida em que as competências da própria comunidade evoluem” (Lévy, 2005, p. 178).

Representação gráfica:

TRONCO - saberes básicos

FOLHAS – saberes muito especializados

GALHOS – agrupamento de saberes individuais, como por exemplo: saberes tecnológicos, administrativos, pedagógicos, etc.

Ao permitir a expressão da diversidade das competências, as ‘árvores’ não restringem os indivíduos a uma profissão ou categoria, favorecendo o desenvolvimento contínuo. A possibilidade de essas competências serem avaliadas em tempo real contribui para validar a qualificação.

Qualquer indivíduo poderá passar de uma coletividade para outra, conservando a mesma lista de brevês que definem sua competência. Entretanto, essa lista, dependendo da árvore que fizer parte, terá valores diferenciados.

Assim, é possível fundir, dividir, conectar árvores, inserir umas nas outras, etc., sem qualquer prescrição. Da mesma forma que a cibercultura, essas ‘arvores de conhecimento’ propõem uma abordagem universal, sem totalidade, pois a natureza, a organização e o valor dos conhecimentos não são fixados e permanecem em poder da comunidade.

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LÉVY, P.; AUTHIER, M.. As árvores de conhecimento. São Paulo: Escuta, 1995.