Wiki do grupo 3 (autores: Aline, Mariza, Cristiane, Miriam e Heloisa)
Que é cibercultura?
Quais as características da cibercultura?
Qual o papel das tecnlogias digitais e das redes na constituição da cibercultura?
Quais os fenômenos da cibercultura?
Quais as mudanças e desafios para os processos de construção do conhecimento?
Como educar na cibercutura?
Vamos em frente?
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Méa
Wiki do grupo 3 (autores: Aline, Cristiane, Miriam e Heloisa)
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Modificado: 9 abril 2010, 01:07 AM Usuário: Mirian Amaral → MA
Cibercultura
A globalização de mercados tem desempenhado um papel estratégico na organização sociopolítica e econômica dos países. No entanto, o que os processos e práticas põem em jogo não são apenas os deslocamentos do capital e as inovações tecnológicas, mas profundas transformações na cultura cotidiana; nos modos de estar juntos, conviver e estabelecer relações sociais; nas formas de construir e narrar identidades; e na reconfiguração das muitas culturas que convivem.
Entendida, de uma forma abrangente, como ‘a tomada de consciência do mundo’, constitui processo irreversível, sustentada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação - TIC, que fomenta outros vínculos sociais entre as pessoas, grupos e nações, alterando conceitos de tempo e espaço.
Considerando que o homem se realiza como ser humano na cultura e pela cultura, através de seu aparelho biológico – corpo-cérebro, que lhe permite observar, agir, saber, aprender, sentir e comunicar-se; homem e cultura definem-se pelas relações que estabelecem; ou seja, interagem entre si, como partes de um só movimento, um único fluxo, de forma, dinâmica e ininterrupta.
Assim, falar de cultura é falar de linguagem. Por meio dela construímos nossa visão de mundo, mediante de um conjunto de códigos e representações. Para Lévy (2001), línguas, linguagens e sistemas de signos são instrumentos cognitivos; e nossa inteligência possui uma dimensão coletiva, porque somos seres da linguagem.
As novas formas de comunicação, relacionadas com a linguagem digital, constituem, portanto, a grande transformação presente no processo de produção da existência humana. Possibilitadas pelo ciberespaço , que surge da interconexão mundial dos computadores (web) – e se configura como espaço de construção do conhecimento coletivo, ganham uma dimensão socioplanetária, no qual tecnologias digitais não significam apenas ciência e máquina, mas principalmente tecnologia social e organizativa. Diversos formatos midiáticos (imagens, textos, vídeos, sons) podem transitar em diferentes suportes. Nesse contexto, o ciberespaço abriga um conjunto de seres humanos com suas informações, conhecimentos, valores, práticas, costumes, pensamentos, que navegam e alimentam esse universo, fazendo florescer uma nova cultura – a cibercultura, que não pode ser considerada como o resultado do impacto das redes digitais sobre a cultura, mas fruto dessa sinergia, que se constitui a cultura das redes. Esse processo se inicia não apenas com a informatização da sociedade e o aparecimento dos computadores pessoais, mas com a transição de um computador individual, desconectado e projetado para um sujeito racional, para uma interface em rede, no ciberespaço, que potencializa a criação, a produção coletiva, a democratização e possibilidade de acesso a informações e a culturas dos mais variados lugares, tempos e grupos.
Mas , em que consiste a cibercultura?
LEVY (2005, p. 17), define cibercultura como um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Ressalta a idéia de que ela transmuta o conceito de cultura, inventando outra forma de fazer emergir a presença do virtual do humano, frente a si mesmo, e não pela imposição da unidade de sentido. Cria, ainda, uma alternativa local, contrapondo-se à mídia de massa.
Com seu caráter globalizante, inventa um universal sem totalidade, que permite ao indivíduo, através da comunicação com outros indivíduos, exercitar uma humanidade comum, e se relacionar moralmente com eles. Mas vale aqui ressaltar que, dado que o homem é um ser cultural, que se comporta com base em leis, normas, tradições, costumes e valores, socialmente construídos, há uma grande variabilidade em seu comportamento.
Nesse espaço cultural aberto, sem controle de conteúdo, em que se entrecruzam raças, credos, etnias, etc, num compartilhamento instantâneo de informações, é muito difícil encontrar padrões universais de pensamentos e ações. Ao imprimir uma dinâmica comunicativa própria, a linguagem digital incorpora o conjunto de informações à carga cognitiva, tornando indissociável a relação entre cultura, linguagem e cognição.
LEMOS (2003) afirma que a cibercultura é a cultura contemporânea, marcada pelas tecnologias digitais. De acordo com o autor, a possibilidade de se gerar e disseminar conhecimentos, mediante a conexão generalizada, do tudo em rede, inicialmente fixa e, agora, cada vez mais móvel, além de ressaltar, a um só tempo, a ubiqüidade e a instantaneidade, faz florescer novas formas de subjetividade, corporificando esse ser da linguagem, favorecendo o diálogo e desmitificando o sujeito do iluminismo - aquele que é dotado da capacidade da razão, permanecendo essencialmente o mesmo, e colocando no centro 'o ser da provisoriedade', em permanente transformação.
Nessa perspectiva, a conexão é preferível ao isolamento, a inteligência é coletiva, a comunicação é recíproca, interativa e os interlocutores são atores, para além do indivíduo, pois, “quando deixamos de manter a consciência individual no centro, descobrimos uma nova paisagem cognitiva, mais rica. Em particular, o papel das interfaces e das conexões de todos os tipos adquire uma importância fundamental”( LÉVY, 1983, p.173 ).
Lemos (idem) ressalta, ainda, que o clique generalizado possibilita a ação imediata, o conhecimento simultâneo e complexo e a participação ativa nos diversos fóruns sociais. Esse fenômeno torna-se evidente pela busca efetiva da conexão social, através de e-mails, listas, blogs, webcams, twitters, num sentimento de religação entre as pessoas, e produz, rapidamente, eco na sociedade local e planetária.
Três leis fundamentam a cibercultura, segundo Lemos (2006): a liberação do pólo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e práticas sociais. Tais fundamentos são consequência do potencial das tecnologias digitais para recompor e nortear os processos de re-mixagem contemporâneos e têm como corolário uma mudança social na vivência de espaço e tempo. Por re-mixagem entende-se o conjunto de práticas sociais e comunicacionais de combinações, recombinações, colagens, cut-up de informação a partir das tecnologias digitais. Qualquer pessoa pode sozinha ou coletivamente compartilhar, produzir e se apropriar de informações, em tempo real, disponíveis sob diversos formatos e mídias, em qualquer lugar, e alterar, adicionar e recombinar com pedaços de informações criados por outros.
O ciberespaço possibilita, então, a constituição de uma cultura na qual se inverte a lógica da mídia de massa, que funciona apenas a partir de uma relação de um para muitos, com clara distinção entre produtores e receptores da informação, cabendo a quem recebe apenas ler ou assistir aquilo que algum produtor acredita que seja do seu interesse. Com a liberação do pólo de emissão, a cibercultura põe em xeque o modelo clássico da informação: “emissor e receptor mudam respectivamente de papel e de status, quando a mensagem se apresenta como conteúdos manipuláveis e não mais como emissão” (SILVA, 2003, p. 53). Aqui qualquer um pode ser além de consumidor, produtor da informação -emissor, criando, dessa forma, espaço para a interatividade.
Para Silva (2001) interatividade é “a abertura para mais e mais comunicação, mais e mais trocas, mais e mais participação”. Constitui-se no não linear, no ato de colaboração, é sentido de poder, é permutabilidade e é a possibilidade de o indivíduo falar, ouvir, argumentar, criticar; ou seja, estar conscientemente disponível para mais comunicação. O autor afirma que participar é intervir na mensagem como cocriação da emissão e da recepção e que o mundo das interfaces representa o espaço propício à interatividade, pois permite a fusão sujeito-objeto (obra). Nele, o usuário tem liberdade de escolha, navega livremente, faz permutas, estabelece conexões, seleciona e utiliza informações de seu interesse, em tempo real.
As tecnologias móveis e a cibercultura podem ser usadas não apenas para trazer atividades educativas para fora da sala de aula, mas para a criação de novas relações entre as redes sociais e a educação; a produção de conhecimentos e a escola. Lévy (2005) assinala que o crescimento do ciberespaço é resultado de um movimento internacional de jovens ávidos por experimentar coletivamente formas de comunicação diferentes. Articular um discurso multimidiático e produzir coletivamente parecem ser habilidades adquiridas nesses novos ambientes.
Lévy (2005) assinala que o crescimento do ciberespaço é resultado de um movimento internacional de jovens ávidos por experimentar coletivamente formas de comunicação diferentes, constituindo o local apropriado à construção e reconstrução da identidade dos indivíduos. A linguagem digital presente no ciberespaço é a linguagem da hipermídia, fusão do hipertexto e da multimídia. Sua utilização requer o desenvolvimento de algumas habilidades específicas, que necessitam ser exercitadas.
O hipertexto quebra a linearidade própria da linguagem impressa do livro, em unidades de informações e permite organizar os fluxos informacionais, em redes, conectando os vários textos entre si, que formam arquiteturas hipertextuais. Permite aos indivíduos que se conectem ao ambiente e ao assunto de suas escolhas, no momento desejado, além de, mediante o processamento das informações ali armazenadas, construírem seu próprio conhecimento.
É fato que o ciberespaço demanda, dos professores, uma nova forma de atuação: o desafio de educar na cibercultura, por onde transitam crenças, costumes, técnicas materiais, práticas, atitudes, modos de pensar e valores diferenciados. Dessa maneira, devem rever sua autoria na construção do conhecimento, transformando o ambiente de comunicação de um modelo centrado na seqüência linear, característica da mídia de massa, para um modelo descentralizado e plural, cuja chave é o encontro do texto com o hipertexto.
Educar na cibercultura é olhar o aprendente de outro lugar, construindo uma nova relação com o saber; uma relação que está em constante movimento, menos rígida, favorecendo uma aprendizagem ao mesmo tempo personalizada e coletiva em rede. Nesse sentido, educar na cibercultura é muito menos transmitir conteúdo e muito mais construir conhecimento.
As metáforas centrais da relação com o saber são hoje, portanto, a navegação e o surfe, que implicam uma capacidade de enfrentar as ondas, redemoinhos, as correntes e os ventos contrários em uma extensão plana, sem fronteiras e em constante mudança. Em contrapartida, as velhas metáforas da pirâmide (escalar a pirâmide do saber ) da escala ou do cursus (já totalmente traçado ) trazem o cheiro das hierarquias imóveis de antigamente (LÉVY, 2005, p. 161 ).
Pensar a sala de aula hoje exatamente como se pensava há mais ou menos 10 anos atrás é não reconhecer as mudanças presentes no cotidiano dos adolescentes; é não reconhecer que os avanços tecnológicos se fazem presentes no simples ato de se comunicar, estando presente em todo um sistema de relações, como afirma Castells (1995, p. 11):
As origens e as trajetórias das maiores mudanças tecnológicas são sociais. A aplicação da tecnologia está determinada, como está socialmente determinado o efeito retroativo das consequências sociais de suas aplicações. Uma vez que temos supostos esses pontos fundamentais, penso que ainda é importante centrar-se sobre os efeitos específicos desta revolução tecnológica na estrutura social para entender o novo surgimento do sistema social .
Como podemos então, imaginar que a sala de aula, espaço social por excelência, possa passar incólume por tais mudanças? É preciso entender que essa transformação altera o espaço educacional. A informação desloca-se num tempo e num espaço em que a escola não mais acompanha, pois não importa onde o aluno está, ele tem acesso às informações disponíveis nas redes, a hora que quiser. Não cabe mais pensar num aluno passivo diante de um professor orador. As novas tecnologias trazem para a sala de aula, por meio dos alunos, a interação permanente, a conexão constante, a mixagem.
O que pensar então sobre as formas de ensinar e aprender? Nesse sentido é preciso pensar a prática docente a partir de uma nova lógica? qual o papel do professor num contexto em que a informação não é seu monopólio?
O contexto digital
Referências
LEMOS, André. Cibercultura: alguns pontos para compreender a nossa época. In: Olhares sobre a cibercultura. / André LEMOS, Paulo Cunha (Orgs.). Porto Alegre: Sulina, 2003.
LEMOS, André. Ciber-Cultura-Remix. In: Imagem (Ir)realidade: comunicação e cibermidia. Araujo, D. C. (Org.). Porto Alegre: Sulina, 2006.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática, São Paulo: editora 34, 2001.LÈVY, Pierre. Cibercultura. 2ª ed..Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: 34, 2000 (5ª Reimpressão-2005).
SILVA, Marco. Que é interatividade. Boletim Técnico do Senac.Rio de Janeiro, mai.- ago./1998, v. 24, n. 2, p. 27-35.
SILVA, Marco. Criar e professorar um curso on-line: relato de uma experiência. Educação online. Marco SILVA (Org.). São Paulo: Loyola, 2003.