Interessante os apontamentos de Chartier sobre o suposto embate entre a leitura em tela e o livro. O autor usa a referência do escritor argentino José Luiz Borges, a partir de suas passagens para esboçar a perda da identidade, uma espécie de "desterritorializaçao" provocada pelo novo suporte. A leitura fragmentada na tela do computador, em oposição a profundidade do livro. Há uma certa sensação que vai naturalizada, de que o novo paradigma da leitura irá suprimir o paradigma anterior. Trata-se entretanto de uma visão simplista da ideia de paradigma. O pesquisador Thomas Kuhn, em trabalho celebrizado, já desenvolvera a concepção de que os paradigmas podem conviver em concomitância. Neste sentido, o autor exemplifica através da física newtoniana, que "constrói prédios", e a física de Einsten, que "lança foguetes". No caso em questão, portanto, o livro não seria um etapismo da tela, seria outra plataforma. Ao convidar "convidar" os argumentos de Walter Benjamin, Chartier poderia ter discutido a dimensão de obra "obra de arte", ao adquirir uma aura, um sentido de contemplação, que o autor da escola de frankfurt, posiciona a reprodutibilidade técnica em oposição à obra de arte. Diante do novo etmóide acesso, o livro poderia alcançar tal dimensão. Vamo pensando...