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PESQUISA HISTÓRICO-CULTURAL

  1. O MATERIALISMO DIALÉTICO

A abordagem histórico-cultural tem sua filiação epistemológica ligada ao materialismo histórico e dialético desenvolvido por Marx no século XIX. A partir de uma análise minuciosa da obra do filósofo alemão Hegel, Marx fez críticas ao idealismo alemão, que superestimava o papel das idéias e da consciência nas ações dos homens, enquanto subestimava o condicionamento do meio social e histórico. Para o idealismo de Kant e Hegel, a realidade material seria a exteriorização do Espírito e das idéias, e era subordinada à vontade livre dos indivíduos. Já para o materialismo histórico e dialético, a realidade seria o produto da relação contínua e dialética entre o homem e o mundo material num determinado contexto histórico (Chauí, 2008). Enquanto para o idealismo, o pensamento (consciência) determina a realidade, para o materialismo histórico-dialético, a realidade material também determina nosso pensamento, nossas idéias e nossas vidas.

Portanto, de acordo com o materialismo dialético, a realidade não pode ser compreendida como um dado puro, extraído pela observação objetiva e neutra, como defende o empirismo positivista, ou apenas pelo campo das idéias e da consciência, como defende o idealismo. De forma contrária, a realidade só poderia ser compreendida a partir das condições sociais e históricas (Chauí, 2008).

A partir do materialismo histórico e dialético, Vygotsky buscou a superação de concepções epistemológicas como o positivismo e o idealismo. Essas concepções originaram modelos de psicologia do desenvolvimento que analisavam os sujeitos de forma fragmentada, privilegiando ora a mente e os aspectos internos do indivíduo, ora o comportamento externo, reduzindo ou ignorando a importância do contexto histórico e social em que os sujeitos estavam inseridos (Freitas, 2002). Na busca da superação destes reducionismos, Vygotsky desenvolveu uma psicologia do desenvolvimento de base social. Segundo Freitas (2008, pg3):

“A insatisfação com os dois modelos psicológicos objetivistas levou Vygotsky à busca de uma superação numa perspectiva que, baseando-se na dialética marxista, pudesse compreender o homem real e concreto. Ao empreender uma crítica da psicologia de seu tempo, apresentou não uma terceira via para se compreender a construção do conhecimento, mas foi mais longe, realizando de fato um rompimento ao articular sua proposta psicológica inovadora. (Freitas, 1994) Essa é a perspectiva histórico-cultural, para a qual o conhecimento não é adquirido mas construído na relação com o outro.”

Nas perspectivas epistemológicas objetivistas, como o positivismo, há uma separação entre o sujeito do conhecimento e o objeto do conhecimento. Essa separação garantiria a objetividade e a neutralidade do cientista. Para Durkheim, por exemplo, o fato social deveria ser visto como coisa a ser observada de forma isenta pelo cientista (Chauí, 2008). Já para Marx, o individuo isolado, afastado do meio histórico e da ação coletiva e crendo numa pretensa neutralidade e isenção, estaria empobrecendo sua própria compreensão da realidade. A participação consciente do sujeito no movimento histórico era a única possibilidade de superação prática da alienação. Marx considerava que os homens jamais seriam corretamente conhecidos se fossem reduzidos a “fatos”, “dados”, “coisas”, meros “produtos do meio ou das circunstâncias” (Konder, 2006). Os homens e os fatos sociais deveriam ser compreendidos como produtos e produtores do meio histórico e social.

Se apropriando destes pressupostos, Vygotsky defende a idéia de que nas ciências humanas o pesquisador não deve se limitar ao ato contemplativo, mas sim estabelecer um diálogo com o objeto de pesquisa, que é na verdade um sujeito social. Veremos adiante que Mikhail Bakhtin amplia essa noção com o conceito de dialogismo. Desta forma, a abordagem histórico-cultural origina metodologias de pesquisa dialógicas. A suposta neutralidade e a isenção na pesquisa social não são buscadas dentro desta abordagem, como veremos adiante.

Na dialética marxista, as transformações nas sociedades ocorrem por contradições no interior delas, conseqüência da própria ação dos homens. É tudo produto histórico e transitório. As soluções ou sínteses geradas pelas contradições fazem emergir novas contradições que por sua vez vão gerar novas sínteses, em um movimento dialético (Chauí, 2008). Desta forma, qualquer fenômeno social que se pretende compreender não é estático. Ao contrário, os fenômenos sociais se caracterizam pelo movimento e, portanto, precisam ser analisados de forma dialética. A concepção de pesquisa social na abordagem histórico-cultural se apropria destas idéias da dialética marxista, já que “para Vygotsky a tarefa da pesquisa é estudar o fenômeno em seu processo vivo e não como um objeto estático, portanto em sua historicidade” (Freitas, 2010).


CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA NA PERSPECTIVA SÓCIO HISTÓRICA
O surgimento das Ciências Humanas, ainda no século XIX, estava sob a égide epistemológica positivista. “Enquanto não fosse refutada, uma teoria permanecia em vigor. A garantia da cientificidade residia nesse “núcleo rígido”, e as novas abordagens deviam se conformar a tal modelo, ...” (ARDOINO, 2003)

No entanto, no decorrer do século XIX, a Ciência que se apresentava como certeza definitiva, necessitou reorganizar o pensamento científico, a partir do surgimento de novas teorias como a da relatividade.

O enfoque das ciências naturais que impunha uma limitação epistemológica no desenvolvimento de pesquisas das ciências humanas, agora cria uma demanda inversa de novas estruturas metodológicas. Novas bases epistemológicas possibilitariam analisar os objetos de estudo em diferentes perspectivas na busca por entender as especificidades de cada um.

Em geral, qualquer abordagem fundamentalmente nova de um problema científico leva, inevitavelmente, a novos métodos de investigaçãoo e análise. A criação de novos métodos, adequados às novas maneiras de se colocar os problemas, requer muito mais do que uma simples modificaçãoo dos métodos previamente aceitos. (Vygotsky, p. 67, 1984)

Segundo Freitas (p. 4, 2009) na perspectiva vygotskiana, a pesquisa visa compreender os eventos investigados descrevendo-os, mas procura também suas possíveis relações, integrando o individual com o social, focalizando o acontecimento nas suas mais essenciais e prováveis relações.

Esta Concepção epistemológica dialética, é a base da perspectiva sócio-histórica.

Vygotsky (p.74,1984) afirma que equivocadamente para alguns pesquisadores, “... estudar alguma coisa historicamente significa por definição, estudar algum evento do passado.” No entanto, o estudo histórico corresponde a pesquisa

... no processo de mudança; esse é o requisito básico do método dialético. ... A procura de um método torna-se um dos problemas mais importantes de todo empreendimento para a compreensãoo das formas caracteristicamente humanas de atividade psicológica. Nesse caso, o método é, ao mesmo tempo, pr’-requisito e produto, o instrumento e o resultado do estudo. (VYGOTSKY, p.74,1984)

Essa perspectiva dialógica considera então o sujeito da pesquisa numa ação ativa na construção dos dados e resultados dos estudos. Encontramos no conceito de multirreferencialidade pressupstos epistemológicos de crítica e criação científica. Principalmente no que tange a percepção da autonomia dos sujeitos na pesquisa. Nessa perspectiva, a pesquisa vai a além da coleta e análise de dados, é “ um encontro entre sujeitos.” (FREITAS, p.1, 2009)

A autora afirma ainda que Bakhtin assegura “que o homem não pode ser objeto de explicação mas sim de compreensão.” A autora também garante que para Vygotsky, "É necessário não deter-se apenas na concretude do fenômeno, nos limites da descrição, mas avançar para a explicação buscando causas, relações, mudanças.”

NEUTRALIDADE DO PESQUISADOR

A perspectiva sócio histórica supera a necessidade de provar a neutralidade do pesquisador, já que não acredita na isenção e imparcialidade, mas usufrui do envolvimento do pesquisador com seu campo e com os sujeitos da pesquisa.

As ciências humanas, portanto, diferem das ciências exatas em que o pesquisador contempla o objeto e fala sobre ele mas não com ele.

Nas ciências exatas, o pesquisador encontra-se diante de um objeto mudo que precisa ser contemplado para ser conhecido. O pesquisador estuda esse objeto e fala sobre ou dele.... Já nas ciências humanas seu objeto de estudo é o homem....Diante dele o pesquisador não pode se limitar ao ato contemplativo, pois encontra-se perante um sujeito que tem voz , e não pode contemplá-lo, mas tem de falar com ele, estabelecer um diálogo com ele. Inverte-se dessa maneira, toda a situação, que passa de uma interação sujeito-objeto para uma relação entre sujeitos. (FREITAS, 2002, p.24)

MsoNormal" style="text-indent: 0cm; margin-bottom: 12pt">Na verdade, na perspectiva sócio histórica, espera-se uma atuação do pesquisador transformando-o também em sujeito da pesquisa que age ativamente numa ação de entendimento, num movimento dialético de identificação com os sujeitos, a fim de compreender as diferentes perspectivas a partir da sua própria. Considerando, então o pesquisador como integrante da própria pesquisa, “... a neutralidade é impossível, sua ação e também os efeitos que propicia constituem elementos de análise.” (FREITAS, p. 25, 2002)

1 -COMO OS FENÔMENOS OU OBJETOS DE PESQUISA SÃO ABORDADOS

PAPEL DO PESQUISADOR X SUJEITOS DA PESQUISA

MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt">Nas pesquisas sociais de abordagem histórico-cultural, tanto pesquisador quanto pesquisados são considerados sujeitos da pesquisa. Ambos devem estabelecer diálogos, tecendo assim conhecimentos e fazendo emergir novas questões. Desta forma, a pesquisa é entendida como interação dialógica entre sujeitos. A partir das interações dialógicas estabelecidas na imersão no campo de pesquisa, o próprio pesquisador se encontra em processo de aprendizagem e ressignificação. Da mesma forma que o pesquisador leva para a pesquisa tudo aquilo que o constitui, ele próprio não fica imune das influencias do campo de pesquisa.

MsoNormal" style="text-align: justify">“Inverte-se, desta maneira, toda a situação que passa de uma interação sujeito-objeto para uma relação entre sujeitos. De uma orientação monológica passa-se a uma perspectiva dialógica. Isso muda tudo em relação à pesquisa, uma vez que investigador e investigado são dois sujeitos em interação. O homem não pode ser apenas objeto de uma explicação produto de uma só consciência, de um só sujeito, mas deve ser também compreendido, processo esse que supõe duas consciências, portanto dialógica." (Freitas, 2002, p.24/25)

  1. CAMPO DE PESQUISA

  2. Nas pesquisas sociais e qualitativas orientadas pela abordagem histórico-cultural, o pesquisador não deve apenas pesquisar sobreos sujeitos, mas sobretudo com os sujeitos pesquisados, através de interações dialógicas. Para isso, é necessária uma imersão do pesquisador no campo de pesquisa onde serão estabelecidas as mediações e interações. O pesquisador não deve ir a campo com o olhar totalmente condicionado por um arcabouço teórico fechado, buscando apenas encontrar - através de observações superficiais - fatos e dados que comprovem determinados pressupostos teóricos pré-estabelecidos. De forma contrária, o pesquisador deve ir a campo com questionamentos que vão nortear as interações dialógicas com os sujeitos, fazendo emergir novas questões para se repensar a própria teoria. Portanto, o próprio pesquisador é um fundamental instrumento de pesquisa e não deve se limitar apenas ao ato contemplativo ou à descrição monológica. Como diz Bakhtin, “o objeto das ciências humanas é o ser expressivo e falante” (Bakhtin, 2003, p.395 apud Freitas, 2010, p. 17) e por isso, sua compreensão deve ser feita através do dialogismo entre dois sujeitos, superando a mera contemplação e interpretação a partir de uma só consciência (Freitas, 2002). Lembrando que na teoria da linguagem bakhtiniana, o dialogismo supõe que os envolvidos no diálogo se transformem pelo acabamento que uns dão aos outros (Jobim e Souza, 1994). Através da postura dialógica no campo de pesquisa, o pesquisador deve ser capaz de complementar a descrição - que revela apenas o exterior e as aparências dos fenômenos - com a explicação - o interior do fenômeno social, suas causas, relações, mudanças – (Freitas, 2010).
  3. Desta forma, a interação entre os sujeitos a partir da imersão do pesquisador no campo de pesquisa, pode propiciar a compreensão dos fenômenos sociais em sua historicidade – objetivo das pesquisas histórico-culturais.

  1. ESTABELECIMENTO DE QUESTÕES ORIENTADORAS

DISPOSITIVOS ( INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS)

Entendendo que na pesquisa Histórico – Cultural o pesquisador, além de ser um sujeito participante, é também um sujeito intelectual ativo no curso da investigação

(Rey,1999), descrever e interpretar o pesquisador enquanto sujeito participante, isto é o instrumento de coleta de dados, implica no desenvolvimento de alguns passos teóricos e metodológicos.

Em primeiro passo, a organização da abordagem que ilumine a análise dos dados coletados na pesquisa de campo.

Vygotsky constrói a partir da ideia de instrumento material uma analogia para chegar ao conceito de instrumento psicológico ou signo, procurando mostrar em que eles se distinguem. Segundo o autor, a função do instrumento é servir como um condutor da influência humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado exatamente; deve necessariamente levar a mudanças nos objetos. ( FREITAS , 2008)

Freitas afirma que,

o homem não é um objeto, nem algo sem voz: é outro sujeito, outro eu que interage dialogicamente com seus interlocutores. Dessa maneira pesquisador r pesquisado se constituem como dois sujeitos em interação que participam ativamente do acontecimento da pesquisa. Esta se converte em um espaço dialógico, no qual todos têm voz, e assumem uma posição responsiva ativa. ( 2008 p.5)

No entanto, continua a autora,

o pesquisador tem possibilidades de aprender, se transformar e se ressignificar durante o processo de pesquisa. O mesmo acontece com o pesquisado, que não sendo coisa mais sujeito, tem também oportunidade de refletir , aprender e se transformar no decorrer da pesquisa. (op.cit, p5)

Vale ressaltar que Freitas (p. 5, 2009) atribui grande importância aos textos produzidos entre pesquisadores e pesquisados. Os textos a que se refere, são as falas de ambos, reveladas pelo pesquisador a partir de seus contextos com seus próprios significados.

MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm; margin-bottom: 12pt">São os significados e ressignificações realizadas pelo pesquisador que constituem os instrumentos de coleta de dados. Estes devem dar voz aos sujeitos da pesquisa e “... lhe restituir as condições de enunciação e de circulação que lhe conferem múltiplas possibilidades de sentido.” (opt. cit., 2009)

MsoNormal" style="text-align: left; line-height: normal; text-indent: 0cm; margin-bottom: 12pt">Ainda nesta perspectiva, segundo Amorin (2006):

MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt 108pt">o texto do pesquisado não pode fazer desaparecer o texto do pesquisador, como se este se eximisse de qualquer afirmação, que se distinga do que diz o pesquisado. O fundamental é que a pesquisa não realize nenhum tipo de fusão dos dois pontos de vista, mas que mantenha o caráter de diálogo, revelando sempre as diferenças e a tensão entre elas (p.98-99). (apud FREITAS, p. 5, 2009)

MsoNormal" style="text-align: left; line-height: normal; text-indent: 0cm">Por tanto, os instrumentos de coleta utilizados destes textos são além de entrevistas dialógicas; observações contextualizadas que não se limitam “ ... à análise interpretativa dos eventos observados, mas ... buscando uma mediação entre o individual e o social.” (FREITAS, p.9, 2009)

MsoNormal" style="text-align: left; line-height: normal; margin-bottom: 12pt">Os grupos focais também são utilizados como instrumentos reflexivos “nos quais os participantes tenham oportunidade para se situarem diante de suas experiências.” (ibidem, p. 10).

Como segundo passo, a proposta do desenvolvimento de uma observação participante no contexto da cibercultura, para registrar, minuciosamente, a implementação das abordagens baseadas na utilização das tecnologias digitais e na aprendizagem colaborativa.

Considerando os objetivos e passos metodológicos dessa investigação, alguns os dispositivos (instrumentos de coleta de dados) on-line ; como: redes sociais, fóruns, sala de chat , poderão ser utilizados para a coleta de dados com especial enfoque na interatividade entre pesquisador com os participantes.

Segundo Silva (2010),

Os princípios da interatividade podem ser encontrados em sua complexidade nas disposições técnicas do computador online. São três, basicamente, a saber: (a) a participação-intervenção: participar não é apenas responder "sim" ou "não" ou escolher uma opção dada, supõe interferir no conteúdo da informação ou modificar a mensagem; (b) a bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção, é cocriação, os dois pólos codificam e decodificam; (c) a permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações.(p.208)

Nesse contexto, podemos entender que seja qual for o dispositivo utilizado para uma insvetigação na perspectiva metodológica histórico cultural, deve sempre estar em cheque os processos dialógicos que emergem e constroem sentidos entre pesquisados e pesquisadores.

COMO PESQUISAR NA CIBERCULTURA NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">Para Vygotsky (1991 apud Freitas2008) a relação do sujeito com o conhecimento é mediada por outros sujeitos e por instrumentos, que podem ser técnicos (ferramentas) e/ou simbólicos (de linguagem). Pensando o computador e a internet a partir da abordagem histórico-cultural, temos que essas tecnologias são mais do que ferramentas técnicas, pois possuem uma dimensão simbólica. Utilizamos essas tecnologias através de símbolos e linguagens. A navegação na internet é feita através da leitura e da escrita, inclusive de forma hipermidiática e através dessas tecnologias podemos interagir com pessoas dispersas pelo mundo. Ao pesquisarmos processos de aprendizagem através da cibercultura a partir de uma abordagem histórico-cultural, devemos compreender o computador e a internet como mediadores do conhecimento enquanto instrumentos simbólicos e de linguagem, que possibilitam mediações simbólicas e também mediações através de outros sujeitos, enriquecendo a construção compartilhada de conhecimento entre os praticantes, provocando neles, alterações e transformações.

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">Neste contexto, A partir do momento em que passamos à tentativa de responder como pesquisar na cibercultura, começaremos a buscar, pistas, trilhas que revelem os mecanismos do cotidiano, do pensar e fazer do pesquisador, sujeitos participantes, caminhantes, praticantes ordinários da pesquisa hsitórico cultural

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">A saber, a cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelo uso das tecnologias digitais nas esferas do ciberespaço e das cidades. Em sua fase atual vem se caracterizando pela convergência dos dispositivos e redes móveis, como os laptops, celulares, mídias locativas, e pela emergência dos softwares sociais que vêm estruturando redes sociais no ciberespaço e nas cidades.( Santos, 2012)

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">Esses processos, representam uma mudança tão abrangente, a qual nos permite acreditar na transformação da própria modernidade. E como pesquisar na cibercultura numa perspectivas sócio- histórica?

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt">Indagando a questão, acreditamos que esse pesquisador (sujeito/singular) busque significado quando se predispõe a ocupar e construir com seus pares em outros espaços; o que justifica a utilização da expressão “(trans)” formação, querendo imprimir o sentido de resgate da história de vida ( histórias que emergem no cotidiano enquanto retalhos de uma cultura), para então poder perceber como esses retalhos são costurados - se é que o são - ou ainda como é que fazem surgir um novo tecido cultural.

MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt">Segundo Freitas ( 2001 p 27 ),

MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt">

MsoNormal" style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm">Os estudos qualitativos com o olhar da perspectiva sócio-histórica, ao valorizarem os aspectos descritivos e as percepções pessoais, devem focalizar o particular como instância da totalidade social, procurando compreender os sujeitos envolvidos e, por seu intermédio, compreender também o contexto. Adota-se, assim,uma perspectiva de totalidade que, de acordo com André (1995), leva em conta todos os componentes da situação em suas interações e influências recíprocas. Na pesquisa qualitativa com enfoque sócio-histórico não se investiga em razão de resultados, mas o que se quer obter é “a compreensão dos comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação” (Bogdan, Biklen, 1994, p.16),correlacionada ao contexto do qual fazem parte.

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt">

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt">Em decorrência desse processo de interações inovadoras (pesquisador/ pesquisado), geram-se novas condições sociais, novas formas de distribuição e de relação com o poder, avançando na ocupação de outros e novos espaços; fator essencial, explicativo da prática que se pretende revelar.

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt">

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; display: inline !important">A inserção, nesta investigação, sobre a ação dos professores, implica portanto, que estejamos sensivelmente abertos para perceber seus movimentos (espaços ocupados e demarcados); para que ouçamos suas falas ( construção de sua história e trajetórias de vida); para que possamos sentir o cheiro e o gosto das experiências por eles realizadas ao longo desta trajetória - resultado das novas combinações de novos e velhos ingredientes, utensílios, temperos e parceiros.

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%">São as “táticas do cotidiano”, que circulam pelo espaço construído, dando-lhe (re) significado e fazendo com que a ação transpareça. E uma vez transparecendo, que revele com toda sua propriedade, o embate existente entre o real (sobre a qual se tem apenas a visão panorâmica) e o virtual ( que toma um outro sentido, ganha novos contornos a partir da ação de seus atores): reafirmando a necessidade de investigar a prática à luz do cotidiano.


REFERÊNCIAS:

ARDOINO, J. Para uma pedagogia socialista. Brasília: PLANO Editora, 2003.

BARDIN,L. Análise de conteúdo.Lisboa:Edições 70,1997

MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 150%; text-indent: 0cm; display: inline !important">CERTAU, Michel de . A Invenção do Cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

DEMO, Pedro. Pesquisa, princípio científico e educativo . São Paulo:Cortez Editora , 1990

FREITAS, M. T. A. A pesquisa de abordagem histórico- cultural: um espaço educativo de constituição de sujeitos. In: REVISTA TEIAS, v. 10, n. 19 , 2009.

___. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. In CADERNOS DE PESQUISA, n. 116, p. 21-39, julho/2002.

MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: -36pt; margin-left: 36pt">LEVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: MAtins Fontes, 1984.

MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 24px; text-indent: -36pt; margin-left: 36pt">REGO, T.C. Vygotsky- uma perspectiva histórico-cultural da educação.Petropolis, (RJ): Vozes, 1995

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SILVA, A Cibercultura em transformação: poder , liberdade e sociabilidade em tempos de compartilhamento , nomadismo e mutação de direitos:organização EugenioTrivinho com Angela dos Reis e equipe do CENCIB/PUC-SP. dados eletrônicos. -São Paulo: ABCiber ; Instituto Itaú Cultural , 2010, 336 p.(Coleção ABCiber; v2)