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GT1 - Conceitos propostos para “ensaio fotográfico”

GT1 - Conceitos propostos para “ensaio fotográfico”

por Julio Roitberg -
Número de respostas: 2

As palavras de Hoffer (1983) são as mais claras e de fácil compreensão quando pensamos em uma simples definição para o ensaio fotográfico e uma reflexão sobre sua função na fotografia:

[...] its impact depends not only upon strong, individual images,

but the interrelationship between these images as well. [...] The

format can assume many shapes and sizes–from a magazine spread

of only a few pages to a much longer book, involving perhaps a

hundred images or more. The themes can also vary. [...] The one

quality all essays share is pictorial interdependence.

É através do ensaio que o fotógrafo pode expressar com mais intensidade sua visão sobre determinado tema, e é importante que se sinta a singularidade que a presença do ponto de vista do autor permite ao trabalho.

Ao mergulhar em um ensaio o autor se vê inserido em um processo que exige muito mais que a captura de imagens. Exige uma reflexão sobre a conexão entre estas imagens, sobre a edição que melhor pode expressar sua intenção no trabalho (tendo assim mais efeito que a simples exposição de tudo que se pode revelar a respeito do assunto em questão) e sobre a apresentação que seja mais eficiente para tocar o outro, seu apreciador.

Machado (2002), preocupado em categorizar o conceito de filme ensaio, como já comentamos anteriormente, discorreu sobre o conceito de ensaio, e depois tentou compor e forjar o termo filme ensaio. Nesta tentativa, o autor buscou diferenciar o filme ensaio do filme documental. (Conceitos propostos para o ensaio fotográfico. In: FIUZA, B. C.; PARENTE, C. O conceito de ensaio fotográfico. Discursos fotográficos, Londrina, v.4, n.4, p.171-172, 2008

Em resposta à Julio Roitberg

Re: GT1 - Ensaio fotográfico: conceitos preliminares

por Julio Roitberg -
Significado de Ensaio (I)

s.m. Experimentação prévia destinada a verificar se algo serve ou não para determinado fim.
Exame, prova, análise, experiência, verificação.Tentativa: um ensaio de reação.
Trabalho preliminar por que passa a montagem de um espetáculo teatral, musical etc., bem como o treinamento dos intérpretes, em sucessivas representações experimentais, antes da estréia.

Química Análise de um produto químico.

http://www.dicio.com.br/ensaio/

Significado de Ensaio (II)

O ensaio é um "estudo bem desenvolvido, formal, discursivo e concludente, consistindo em exposição lógica e reflexiva e em argumentação rigorosa com alto nível de interpretação e julgamento pessoal. No ensaio há maior liberdade por parte do autor, no sentido de defender determinada posição sem que tenha que se apoiar no rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e bibliográfica. De fato, o ensaio não dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e por isso mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade intelectual" (Severino, 1976, p.153)

"É uma exposição metodológica dos assuntos realizados e das conclusões originais a que se chegou após apurado o exame de um assunto. O ensaio é problematizador, antidogmático e nele deve se sobressair o espírito crítico do autor e a originalidade" (Medeiros, 2000, p. 112).

http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/ensaio/1525/

Ensaio (III)

Ensaio é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico.

O ensaio assume a forma livre e assistemática sem um estilo definido. Por essa razão, o filósofo espanhol José Ortega y Gasset o definiu como "a ciência sem prova explícita".

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio

Em resposta à Julio Roitberg

Re: GT1 - Ensaio fotográfico: conceitos preliminares

por Sènakpon Fabrice F. Kpoholo -

Após o nosso encontro no moodle, encontro durente o qual combinemos realizar nosso ensaio fotográfico sobre o ensaio “Línguas que não sabemos que sabíamos”, importa-se fazer, ao meu ver, uma releitura do referido texto. Foi o que fiz e vou aqui, como sugeriu Julio, colocar as minhas leituras desse texto e a sua relação com nosso trabalho. Também, li as propostas de Julio e Cris e fiz algumas perguntas no final

         O conto com o qual Couto começou esse ensaio não deixou de me fazer pensar a respeito do que ele chamou de “idioma do caos”. Ele se remete à enfancia mas, tão banal que pode parecer, me fez pensar aos animais. Criaturas cujas, convivemos com elas desde tempos imemoriais; quem comunicam entre eles  e que portanto têm uma idioma que não conhecemos ou entendemos. Alguém já se perguntou o que falam os animais entre eles? O que dizem de nós humanos? O que querem nós dizer quando em algumas circonstancias nós olham? De qualquer jeito, achei esta imagem a seguir no meu face e queria colocar la: 

photo.php?fbid=494242053959703&set=a.322545541129356.90086.185065108210734&type=1&theater

 Na p: 12 do ensaio, Couto fala a seguinte: “O nosso fito como produtores de sonhos, é aceder a essa outra língua que não é falável, essa língua cega em que todas as coisas podem ter nomes. [...]”.

   A partir deste trecho, pensei primeiro à imagem ou a fotografia em si. Uma imagem carrega em si, não uma língua só mas varias, devido aos contextos socioculturais em que foi produzida e a realidade sociocultural que a imagem ou a fotografia esta contando. Pode significar muitas coisas como ao mesmo tempo nada. Depende de quem a olha.

     Produzir um ensaio fotográfico, nos torna produtores de sonhos e nos obriga a falar através das fotografias, varias línguas juntos mas numa línguagem só. Fazer aparecer, uma diversidade de pontos de vistas, de interpretações, de sentinos como fala o proprio Couto: “O que fez a espécie umana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade”.

O meu proposto é, “beber em varias fontes” (Alves orgs, 2008), isto é procurar imagem de muitos lugares de maneira a representar a diversidade (cultural e linguística) do que fala Couto. Mostrar o quanto é importante as relações (solidariedade) entre pessoas, que esta sendo perdendo em vários lugares do mundo. Isso torna as pessoas ou nações inteiras pobre. Pobre do jeito que fala Couto na p: 20: “Nessas culturas, o pobre não é apenas o que não tem bens, mas é sobretudo o que perdeu a rede das relações familiares que, na sociedade rural, serve de apoio à sobrevivença. O indivíduo é pobre quando não tem parentes. A pobreza é solidão, a ruptura com a família”.

Contextualisar no nosso ensaio, a interação entre homens e natureza, mostrar essa unidade entre homens e natureza que o autor abordou a partir da p:21 e seguinte, seria, ao meu ver, algo imprescendível. E com tudo isso, uma coisa que se precisa ter na mente: os meios tecnológicos que temos a nossa disposição, não podem expressar todas as línguas : [...] A verdade é que, munidos de boa-fé, os cientistas traziam, enfim, aquilo que na sua linguagem designavam por “kits de educação”, na ingénua esperença de que a tecnologia é a salvação para problemas de entendimento e comunicação”.

Minhas perguntas agora são: como vamos produzir nossas fotografias? E como vamos fazer nosso ensaio fotografico recontando a história das “Línguas que não sabemos que sabíamos”? Vamos fazer só fotografias ou também textos?