Sobre o texto Estudos e Pesquisas em Currículo
A importância da narrativa, nas pesquisas em currículo, está na questão de que as narrativas constituem nossa própria história de formação, uma vez que toda formação é experiencial, assim só podemos ter acesso à nossa formação por meio de nossas narrativas, existentes numa complexidade existencial e sócio-cultural. Nesse sentido, Macedo apresenta, a partir de Christine Délory-Monberger (2008), a noção de bioteca, que trata-se da composição do saber e da experiência biográficos, a partir dos quais é possível partir para um compartilhamento desses saberes experienciais. Isso reforça a ideia de que para haver coletivo é preciso o individual. A partir dessa concepção de saberes experienciais que emergem das pesquisas do FORMACCE, é que são cunhadas as noções de atos de currículo, fundantes da compreensão do currículo como processo de alteração contínua. Para pensar os saberes experienciais, são necessários os etnométodos, que são maneiras, formas dos atores sociais implementarem suas ações, tendo como referência as suas narrativas implicadas. A ideia de estar implicado dialoga com as noções de autorização, negatricidade, alteração, legitimando os processos de subjetivação presentes nas narrativas. Os processos de implicação vão surgir como condição da práxis humana e das ações curriculares, conduzindo todo o processo de fazer pesquisa a uma heterogeneidade, da qual somente a multirreferencialidade pode dar conta, sendo esse um conceito fundante para as pesquisas do FORMACCE, indo de encontro à complexidade de Morin.