Olá, pessoal,
O GT4 trouxe um assunto atual e importante ao debate - a netnografia. Cláudia e Fátima demonstraram bastante seriedade na condução de suas pesquisas, deixando evidente o aprofundamento das leituras feitas pelo grupo (acrescente-se Nilo e Regina), não presentes ao encontro).
O conceitos de etnografia, netnografia e etnometodologia foram clarificados ao longo do encontro, e os problemas epistemológicos inerentes a essa abordagem foram pontos relevantes trazidos à discussão. Excelente o exemplo apresentado por Fátima sobre a intervenção de sua aluna no Blog por ela criado. Senti falta de maior ênfase nas experiências ‘reais’ de aplicação da netnografia nas pesquisas nos/dos/com os cotidianos, já que Fátima está trabalhando com essa abordagem em sua tese. No entanto, Fátima colocou para o grupo, com muita transparência e sinceridade, seus medos, sua ansiedade e descobertas.O grupo, apesar de pequeno, trouxe grandes contribuições à tessitura de nossos conhecimentos.
Pós-encontro, fomos agraciados com a postagem de 3 vídeos: um sobre etnografia, relacionado a vinhos; o segundo sobre netnografia (Sony) e o vídeo de Samuel Veissiére sobre Etnografia Experimental.
Nos dois primeiros vídeos são apresentados os resultados dessas pesquisas, mediante a apresentação de gráficos e percentuais de respostas aos itens formulados. Não fora pelos respectivos títulos 'etnografia' e netnografia', esses vídeos poderiam ser relacionados a um outro tipo de abordage, que ,por exemplo contemplasse a aplicação de questionários. Penso que não reflitam, com precisão, as duas abordagens mencionadas. Quanto ao vídeo de Veissiére, reflete, de dorma adequada, a proposta do trabalho realizado (etnografia/netnografia). Adorei!
Apesar de antropólogo, Samuel prefere ser considerado um poeta ou escritor. Pessoalmente, acho essa união sensacional, pois deixa visível sua sensibilidade no tratamento daquilo que lhe toca, seja a natureza humana, ou não. Essa apresentação vem coroar de êxito os seminários apresentados, e nos mostra pontos de interseção entre as diferentes abordagens que utilizamos na condução de nossas pesquisas, que têm como característica, marcante e definitiva, a implicação do pesquisador. Destaco alguns pontos que considerei relevantes na fala de Veissiére:
· Experimento seria a oportunidade de se perder para se encontrar. Portanto, coloque o pé no barro. Permita-se sujar!
· O que não pode se dizer, vamos deixar em silêncio. (Mas, antes, negociemos com os praticantes).
· Não sabemos nada sobre nada. No silêncio há articulação de todos os sons. No vazio há alguma coisa a ser observada. É preciso, portanto usar os sentidos (lembrei de Nilda).
· Verdade? A linguagem é uma representação; e essa não cabe dentro de uma realidade histórica e complexa. (O importante é a representação social que os praticantes têm acerca dos fatos, eventos, etc.. A verdade é sempre relativa).
· Existe uma liberdade acadêmica limitada. Entregue-se à bagunça, ao vazio. VIVA! Ligue-se ao mundo de forma corporal. Deixe fluir sua imaginação, emoção e medos, e veja onde tudo isso se liga à Ciência (Mais uma vez aí está Nilda, convidando-nos a ‘virar de ponta cabeça’).
Parabéns, ao grupo!
Bjs,
Mirian
GT4 e demais GTs,
Avaliar a apresentação deste e dos outros GTs, inclusive o meu, o GT3, é uma prática que nos enriquece e nos faz refletir sobre o "fazer pesquisa" nos ciberespaços em tempos de mobilidade e ubiquidade.
A hipertextualidade presente nos lugares por onde "navegamos" exige de nós atenção redobrada, links de naturezas diversas vão surgindo, imagens são carregadas de senti, vídeos revelam o não que conseguimos traduzir em palavras ou preferimos que seja dito de outra forma, lacunas deixadas por nós provocam no leitor/pesquisador a sensação de que alguma noção subsunçora ainda não foi percebida.
Rifiotis (2010) chama nossa atenção para a complexa prática de se fazer pesquisa nos ciberespaços. Além dos dados que emergem com e na prática de se fazer pesquisa, entramos em contato com diversos dilemas de ordem teórica e metodológica, os quais exigem de nós pesquisadores imersos e praticantes da/na/com cibercultura constante revisão das modalidades clássicas de pesquisas etnográficas.
Neste sentido, ao optarmos pela netnografia inserimo-nos num cotidiano que coabita com outros cotidianos. Não há como desconsiderar a formação histórico-cultural dos praticantes dos ciberespaços, pois, de alguma forma, suas vivências culturais influenciarão todas as suas práticas. A pesquisa netnográfica exige sensibilidade, atenção e um grande esforço para acomodar/agregar novas noções, teorias, metodologias e práticas.
Um forte abraço,
Valeria
RIFIOTIS, Theophilos, Antropologia do Ciberespaço: questões teórico-metodológicas sobre pesquisa de campo e modelos de sociabilidade. In RIFIOTIS, T. ET AL (org). Antropologia no ciberespaço. Florianópolis: Editora da UFSC, 2010. P.15-27.