Wiki do grupo 2 (autores: Joana, Dilton, Juliana e Dostoiewski)

1- Cultura e cibercultura

Definir cibercultura pode remeter a diversas discussões filosóficas que podem perpassar diversas áreas como a antropologia, a sociologia, a informática, a psicologia. Inicialmente neste texto gostaria de trazer uma polemização do conceito de cultura para então passarmos ao conceito de cibercultura.

Clifford Geertz, em seu trabalho "A interpretação da cultura" , afirma que a cultura é uma realidade superorgânica autocontida e, para tanto, uma determinada análise cultural é por sua essência incompleta. Interpretar uma cultura vai depender de como é a sua própria.

Ao procurarmos definir e entender a cibercultura com que olhos estamos olhando? O olhar de um Castells, Levy será o mesmo de um usuário de duas horas diárias de um cibercafé?

Cultura é adjetivo televisivo ("este programa da tve enriquece culturalmente meus filhos"), é adjetivo para venda ("este brinquedo é educativo, dá mais cultura para sua criança do que outros tipos de brinquedo"), assim como é política e adjetivo da mesma. Adjetivos também são colocados frente a cultura: Cultura popular, cultura erudita, cultura de massa. Estes adjetivos podem ser considerados demodées, ou ainda sustentar preconceitos. Uma questão é: estamos diante de uma nova terminologia cibercultura. Seria mais um adjetivo? Este texto pretende discutir cibercultura. Para tanto cabe assistir este vídeo com Pierre Levy.

http://www.youtube.com/watch?v=[[Wk76VURNdgw]]&feature=related

2- Cibercultura e internet

Arno Penzias, ganhador do Prêmio Nobel da Física em 1978 afirma que “a Internet ignora os 3 princípios básicos da física: tempo, massa e espaço.” Essa afirmação corrobora para o entendimento que as facilidades de comunicação, a partir das infovias, vêm transformando a noção tradicional de tempo e espaço, assim como, encontrando uma nova visão na construção de conexões que ligam mudanças do capitalismo e seus reflexos nos eixos fundamentais que organizam as culturas.

Inevitavelmente, esse novo espaço, o espaço virtual, o ciberespaço, transforma as relações de sociedade, comunicação, cultura e identidade. Com a presença de redes e infovias, as culturas e identidades caminham no sentido do provisório e do deslocamento, que não tem ponto de chegada e a qualquer momento podem mudar o rumo. Esses sujeitos são considerados “nômades culturais”, expressão utilizada por Hall (2002), porque embora naveguem em meio a desenhos, imagens, vídeos, sons, textos, permanecem no mesmo lugar.

Para falarmos em cibercultura, acreditamos ser importante falarmos, primeiramente, em ciberespaço.

Segundo Willian Gibson, em seu romance “Neuromancer” (1984), ele cria este termo para designar o espaço informacional de comunicação e interação mediadas pelo computador, e acrescenta ainda que este pode ser uma alucinação consensual experimentada diariamente por bilhões de usuários, em todas as nações. Para Ramal (2002), ciberespaço é “toda a estrutura virtual transnacional de comunicação interativa” (p.65).

Na concepção de Lévy (1999), cibercultura é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. Com base nessa afirmação, a cibercultura torna-se a espinha dorsal da comunicação global interativa e que está revolucionando as sociedades. É uma junção da multimídia (como ambiente simbólico) com a cultura da virtualidade, e a conjunção dos meios eletrônicos de comunicação à multimídia, é a construção coletiva. Lévy (op. cit) reforça isso ao afirmar que

o ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial (tornar uma máquina tão inteligente quanto, talvez mais inteligente que um homem), mas sim a inteligência coletiva, a saber, a valorização, a utilização otimizada e a criação de sinergia entre as competências, as imaginações e as energias intelectuais, qualquer que seja sua diversidade qualitativa e onde quer que esta se situe” (p. 167, grifos do autor).

Com isso, a cibercultura vem transformando os modos de se conhecer e conhecer o mundo e conseqüentemente está relacionada, de uma maneira ou de outra, a uma transformação igualmente profunda nos modos de organizar a sociedade a partir das redes que são tecidas coletivamente na web.

A Web sofre transformações permanentes e através dela todos (indivíduos, grupos, objetos e etc) podem tornar-se emissores e contribuir para essas transformações que não param. A cada acesso que uma pessoa faz à internet, ela se modifica, se transforma, formando novos fios, novas conexões, às redes já existentes, que conseqüentemente irão formar novas redes.

Poderíamos então afirmar que na cibercultura estão envolvidos todos os processos/instrumentos/proposições do ciberespaço. Esse novo paradigma e uma variedade de possibilidades tecnológicas produziram na sociedade moderna uma interconexão em rede que, segundo Castells (2002), constituem uma nova morfologia social onde a propagação da lógica da rede modifica visivelmente os processos produtivos de experiências, poder e cultura. Esse paradigma, criado pelas novas tecnologias, é considerado por ele o ícone de expansão e penetração de redes em toda a sociedade. Apesar do termo “rede” ser considerado antigo (Musso, 2004), Castells (op. cit) alega que esse novo paradigma "rede - tecnologia de informação" fortalece a idéia de que a localidade e a proximidade física independem na sustentação de redes sociais em função da disseminação da Internet.

Frente a isso, pensar um novo modelo educacional pressupõe que antigos paradigmas sejam rompidos, ainda calcados num pensamento linear, positivista. A insatisfação dos estudantes com a sala de aula é apontada como um fator preocupante por Lévy (1999): “Os indivíduos toleram cada vez menos seguir cursos uniformes ou rígidos que não correspondem a suas necessidades reais e à especificidade de seu trajeto de vida” (p. 169). Certamente o trajeto de vida dos alunos hoje não é mais o mesmo, embora as instituições educacionais ainda insistam em centralizar e privilegiar determinados suportes em detrimento de outros. Isso nos remete para as contribuições de Nóvoa (1999), que tem razão quando chama atenção para “a pobreza atual das práticas pedagógicas, fechadas numa concepção curricular rígida e pautadas pelo ritmo de livros e materiais escolares” (p. 16).

Segundo Lèvy (1999) cabe aos sistemas públicos de educação pensar uma nova forma de orientar os indivíduos em relação ao saber, já que "as pessoas aprendem com suas atividades sociais e profissionais e a escola e a universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e transmissão do conhecimento”. (p.158) Desta forma, ainda segundo Lèvy (op. cit.), é necessário haver um reconhecimento dos conhecimentos não-acadêmicos dos indivíduos, pois estes fazem parte da formação do conhecimento individual e coletivo assim como os saberes acadêmicos. Desta forma, é necessário que a escola, principalmente, tente fugir do modelo de educação que está imposto há séculos, para que possa acompanhar as transformações que ocorrem no mundo e para que consiga entender melhor seus alunos de hoje. Este vídeo demonstra exatamente como as crianças e adolescentes vêem a escola hoje. http://www.youtube.com/watch?v= class="wiki_newentry" href="https://docenciaonline.pro.br/moodle/mod/wiki/create.php?swid=32&title=UF0p0mKXdEo&action=new">UF0p0mKXdEo

Referências Bibliográficas

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – A era de informação: economia, sociedade e cultura , v:1, 6ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002 

GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GIBSON, William. Neuromancer; tradução Fábio Fernandes, Brasil: Editora Aleph, 1984

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade ; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro, 6ª edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2000

LÈVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.

MUSSO, Pierre. A filosofia da rede. In: PARENTE, André (Org.). Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2004.

NÓVOA, António. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 25, n. 1, June 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97021999000100002&lng=en&nrm=iso&gt;. Acesso em: 23 jun 2009.

RAMAL, Andréa Cecília. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem . Porto Alegre: Artmed, 2002