Wiki do grupo 5 (autores: Joic, Jéssica, Phelipe, Caroline e Carlos Eduardo)
INCLUSÃO DIGITAL-SOCIAL NAS FAVELAS
RESUMO
O presente trabalho busca apresentar um panorama dos usos que moradores das favelas do Rio de Janeiro fazem da internet, sendo este um mecanismo de ascensão e inclusão digital-social, de relação entre moradores e destes com o asfalto, do encurtamento de distâncias, de divulgação profissional e pessoal e de geração de renda. Procura-se discutir como as tecnologias digitais, em especial as cibernéticas, podem contribuir com os problemas econômicos e sociais, propondo alternativas de aprendizado e conhecimento. Deste modo, a pesquisa se deu por análise a programas/espaços digitais governamentais ou não de favelas cariocas, e por reflexão crítica de entrevistas e de artigos disponíveis on line.
Palavras chave: favela/ comunidade, internet, inclusão digital-social, alternativas digitais.
"INTRODUÇÂO"
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">O advento das tecnologias digitais trouxe ao mundo Moderno uma grande revolução filosófica, temporal, social, econômica e cultural. Não há hoje quem não seja, direta ou indiretamente, afetado pelas novas estruturas tecnológicas contemporâneas.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">De acordo com André Lemos,
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm">A nova dinâmica técnico-social da cibercultura instaura uma estrutura midiática ímpar na história da humanidade onde, pela primeira vez, qualquer indivíduo pode, a priori, emitir e receber informação em tempo real, sob diversos formados e modulações (escrita, imagética e sonora) para qualquer lugar do planeta. (CIBERCULTURA: Alguns pontos para compreender nossa época, p.3)
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm">
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Diante dessa citação, podem ser tecidas inúmeras reflexões acerca do caráter inclusivo presente na cibercultura. Como qualquer nova tecnologia, a tecnologia digital, inicialmente, foi restrita a uma pequena parcela da população, visto que tanto o computador quanto os serviços de rede, especificamente, eram de alto custo.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Com o aprimoramento e outros avanços tecnológicos, esses aparatos tornaram-se mais acessíveis, apresentando queda nos preços. Hoje, grande parte das pessoas possui computadores ou outros aparatos pessoais, que forneçam acesso à rede.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Além disso, o que antes apresentava caráter exclusivo e que marginalizava aqueles que não podiam ter acesso a essa tecnologia, hoje é alvo de constantes políticas sociais para que esteja presente em todos os lugares e ao alcance de todos.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Muitos são os projetos que se propõem a ampliar o uso das tecnologias digitais, em especial, a Internet, e torná-las uma realidade em comunidades carentes, produzindo, assim, um dos caminhos à inclusão digital e, consequentemente, social. Entre eles, destaca-se o projeto desenvolvido em São Sebastião (DF), fruto da parceria entre os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDIC). São oito computadores ligados em rede, funcionando na sede da Associação dos Trabalhadores de Baixa Renda de São Sebastião (ATBR). Entre os visitantes mais assíduos estão os estudantes. Muitos deles têm, pela primeira vez, acesso à Internet.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Assim, este artigo busca refletir também a configuração desses espaços urbanos antes e depois de projetos como esse acima citado, para que possam ser verificadas as mudanças comportamentais, sociais e culturais advindas com essa revolução técnico-científica.
OK Tecnologias Digitais e Favelas: um caminho o inclusão social e digital
As novas configurações socioculturais que foram impulsionadas pela convergência tecnológica, que se iniciou nos anos 70 e se consolidou nos anos 90, como a informática e as telecomunicações, deram nome a sociedade contemporânea: “Sociedade da Informação”. Em paralelo a este fenômeno, Pirre Lévy nos apresenta o conceito de cibercultura, ou seja, toda produção legitimada por um grupo estruturada por tecnologias digitais. Nesse percurso, estar inserido digitalmente é condição fundamental para a existência de cidadãos plenos na interação com o mundo da informação e da comunicação cibernética.
A maioria dos moradores de comunidades de baixa renda vive numa realidade com considerável número de exclusão e miséria, e a inclusão digital não pode perder isto de vista, buscando, ao menos, o desenvolvimento do indivíduo na perspectiva da inclusão digital e social. No imaginário corrente, entende-se a inclusão digital como uma forma de apoio as pessoas dando-as oportunidade de acessos aos aparatos tecnológicos digitais e/ou a capacitação num determinado software, deixando de perceber as especificidades desta expressão, como as questões sociais geradas. A inclusão digital não é só ter acesso ou usar, mas também usá-lo de forma cidadã. Salientamos, assim, a importância de ter projetos de inserção nas favelas levando-se em conta a capacitação e a apropriação dos meios:
TIC não é uma variável externa a ser injetada de fora para produzir certos resultados numa realidade existente. Ela deve ser tecida de maneira complexa no sistema social e seus processos, do ponto de vista político, o objetivo de usar TIC com populações carentes não é superar a exclusão digital, e sim estimular um processo de inclusão social. Para atingir este objetivo, é necessário forçar na transformação, não na tecnologia (Starobinas, 2004).
Ao buscarmos um panorama da inclusão digital nas comunidades cariocas, verificamos a inauguração do 78º Centro de Internet Comunitária em novembro de 2008 no morro Santa Marta. De acordo com o site do Governo do Estado do Rio de Janeiro, os moradores já têm acesso gratuito à internet banda larga e cursos de alfabetização digital:
O mais relevante nesse projeto é proporcionar as pessoas que nunca tiveram contato com o computador acesso livre e gratuito ao conhecimento dessa nova era, aos serviços eletrônicos, a terem e-mails, a se inserirem no mercado de trabalho através das vagas online, a criarem redes sociais e utilizar a internet para divulgar suas habilidades, história da comunidade e promover a interação ( Paulo Coelho – presidente do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro – Proderj).
Os moradores da mesma comunidade recebem, desde março de 2009, sinal gratuito para acesso à internet banda larga. A favela é o segundo ponto da cidade a receber o serviço, por meio do projeto Santa Marta Digital. O governo do Estado, através da Secretaria de Ciência e Tecnologia, já havia implantado o mesmo sistema em toda a extensão da praia de Copacabana.
Apesar de bem intencionados os respectivos projetos, devemos apontar que o mais importante em qualquer projeto de inclusão digital não deve ser apenas a disponibilidade de aparato técnico, mas sim o foco na promoção da habilidade das pessoas em utilizarem tais aparatos para a sua melhoria social e da sua comunidade.
Em paralelo a estes projetos, encontramos os moradores que criam a oportunidade de acesso aos demais moradores da comunidade com a criação de lan houses. Podendo ser improvisada na laje de casa, junto ao comércio que já possui, empreendedores das favelas de todo o Brasil viram na internet sua principal fonte de renda. São, comumente, lugares pequenos de 3x3m e com aproximadamente 10 computadores. Ali, a pessoa que se espreme está além das fronteiras estreitas demarcadas pelas paredes. Centros de acesso pagos como este são a principal forma de conexão dos brasileiros das classes D e E à rede mundial de computadores: representam 48,08% do total, segundo dados do Comitê Gestor da Internet (CGI).
As lan houses surgiram na Coréia do Sul, em meados dos anos 90, como locais onde as pessoas se reuniam para jogar em rede. Foi com esse perfil que chegaram ao Brasil, dois anos depois. À medida que a internet disseminou-se entre os mais ricos, o mercado ganhou novas características. Esses estabelecimentos migraram para a periferia e lá os jogos cederam espaço para a navegação na web, oferecendo oportunidades de trabalho, conhecimento e diversão.
A agitação é tamanha em torno das lan houses que até quando estão fechadas para manutenção os freqüentadores ficam na porta. Ivan Viana é dono de dois desses estabelecimentos na Rocinha e conta que atualmente este é o principal ponto de encontro das crianças e dos adolescentes da favela ( Renata Granchi do G1, 2007)
Coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-Rio, Ronaldo Lemos explica que existe uma carência de espaços de relacionamento nas favelas e que a lan house estaria preenchendo esta fenda. Além disso: esses espaços/ciberespaços estariam servindo para aproximar pessoas de favelas rivais, sendo forma de sociabilidade:
Isto está ganhando uma dimensão social importante. O pessoal tem usado para conversar com pessoas de morros vizinhos por sites de relacionamento. Você acaba fazendo amizade com uma pessoa que você via como inimigo e não é inimigo. Acaba furando as barreiras geográficas impostas pela guerra do trafico no Rio (Ronaldo Lemos em entrevista a G1, 2007).
Dentro desses espaços com equipamentos digitais governamentais ou não, alguns agora dentro de sua própria casa, podemos verificar a criação de inúmeros sites das comunidades por seus moradores, como o rocinha.org, que buscam trocar informações de seu meio e do mundo, realizar enquetes (Você é a favor de uma UPP?), divulgar eventos artísticos, em sua maioria ligados as escolas de samba, empregos e serviços.
A partir da navegação em sites criados e administrados por moradores de favelas, podendo ser pessoal ou representativo de um coletivo ou da própria comunidade, confirmamos que as tecnologias digitais trouxeram a liberação do pólo emissor e produtor facilitando, assim, o atravessamento de saberes, a relação sócio-afetiva, a geração de renda, entre muitos outros aspectos, de seus membros e deste com o mundo ocorrendo a inclusão digital-social.
CONSIDERAçÕES FINAIS
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt">
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Além da aproximação com outras pessoas que partilham do mesmo estilo de vida, a oportunidade de acesso aos aparatos tecnológicos digitais e, é claro, a Internet, é importante para que este morador possa potencializar sua inclusão social, seu desenvolvimento intelectual, profissional, afetivo, relacional, além de ter acesso e ser produtor de informações relevantes para seu desenvolvimento como cidadão ativo na contemporaneidade.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Sabemos que as novas tecnologias aumentam as desigualdades sociais já existentes em países em desenvolvimento, como o Brasil, pois em um país em que a taxa de analfabetismo atinge números absurdos há de se pensar como estas pessoas poderão lidar com máquinas que exigem certo conhecimento para serem manipuladas. Além disso, não se deve pensar a inclusão digital apenas como a posse de um aparato tecnológico, mas também como o indivíduo o utiliza de forma cidadã.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">A partir disso, podemos pensar que as políticas sociais devem organizar e criar meios que ajudem aos moradores de comunidades carentes a não só terem a facilidade de acesso a estas tecnologias digitais como também habitar este novo mundo no qual, na maioria das vezes, é apenas visitado por eles sem que haja a sua interferência como um emissor de opiniões e produtor de conhecimento/ informação.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt"> Vale destacar, que a escola também entra nesta discussão tendo papel essencial para que se dê, de fato, a inclusão digital. Os professores devem estar preparados para lidar com estes aparatos já que todas as pessoas são afetadas por estes e, assim, encontrar novos métodos para levar para a sala de aula recursos que tornem a aula imersa no contexto tecnológico digital. Além disso, consideramos interessante a escola proporcionar ao aluno conhecimento básico dos programas/ softwares disponíveis nos computadores, como os programas que fornecem a criação de planilhas, pois serão fundamentais para que eles consigam se inserir no mercado de trabalho.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Dessa forma, percebemos o quanto é necessário que se faça, efetivamente, para proporcionar aos cidadãos a significativa e plena inclusão digital; afinal, muitos moradores de comunidades carentes não têm acesso a um curso de informática, ficando assim impossibilitados de utilizar estas novas tecnologias, por exemplo. Ensinar como lidar com os programas/ softwares básicos deve ser visto como um dos passos para que se inicie a inclusão digital.
MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; text-indent: 42.55pt; margin: 0cm 0cm 0pt">Podemos pensar, então, que a partir do momento que a comunidade carente, que possui uma vivência diferente desde sua arquitetura (urbanística, familiar, social) até aos usos dos meios e aparatos tecnológicos digitais em relação ao restante da sociedade, penetrar neste meio tecnológico abrirá uma importante janela para que seus moradores possam ter mais um meio de troca entre eles e destes com o mundo.