Wiki do grupo 3 (autores: Fausto, Raisa Juliana e Rayana)
O papel do Educomunicador na inserção de novas tecnologias em sala de aula
- Fausto Amaro Ribeiro Picoreli Montanha
- Raíssa Juliana Machado
- Rayana Coutinho dos Santos
Graduandos em Comunicação com habilitação em Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social (FCS/UERJ)
Introdução
Quando o mundo muda, a relação dos seres humanos com o universo ao seu redor também se transforma. O surgimento das novas tecnologias e as interferências, diretas ou indiretas, por elas causadas no dia-a-dia dos indivíduos revela a necessidade de que o convívio com as mudanças agregue valores no sentido de garantir a formação de pessoas capazes de pensar de maneira ampla, crítica e múltipla. Tendo consciência do inevitável convívio com as tecnologias fora de sala de aula, torna-se fundamental inseri-las nas práticas pedagógicas de ensino para que seu uso orientado possa atender as demandas dos próprios alunos, trazendo à eles benefícios palpáveis e passiveis de aplicabilidade na realidade vivida por cada um. Tendo em vista essa temática, concordamos ser relevante explorá-la nesse artigo. Inicialmente, fez-se necessária uma pequena revisão teórica sobre o conceito de Educomunicação. Para isso, nos utilizamos do artigo “Comunicação / Educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, de Ismar de Oliveira Soares, texto fundamental para compreender as atuais dinâmicas da área educomunicacional. Em seguida, abordamos o papel social dos professores, que devem estimular que cada um de seus alunos desenvolva ao máximo suas potencialidades. Nesse sentido, a introdução das TICs em sala de aula vem a auxiliar os educadores nessa função, possibilitando uma aula mais participativa e reflexiva. Utilizamos o Orkut como um estudo de caso para compreender melhor essas novas interações professor-aluno. Por último, abordamos especificamente, o papel do educomunicador na sala de aula, mostrando como a sua contribuição é essencial para uma educação voltada ao século XXI. Não procuramos neste artigo pregar um determinismo tecnológico nem elevarmos o educomunicador ao papel de “salvador” da educação atual. No entanto, buscamos reconhecer o papel auxiliar que as novas tecnologias proporcionam tanto a alunos quanto a professores, e ressaltar nesse processo a importância do educomunicador. O que é Educomunicação? Ismar de Oliveira Soares é coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (NCE) e vice-presidente do WCME – Word Council for Media Education, cabe evidenciá-lo como autoridade na investigação desse novo campo do saber. É com base em seus estudos que o definiremos. A pesquisa realizada por Ismar constata que essa interação entre a educação e a comunicação começou já no princípio do século XX. A partir dos meados desse século constatou-se uma maior preocupação com o teor dos conteúdos propagados pelos meios de comunicação de massa. Foram feitas fortes críticas que contribuíram para práticas pedagógicas destinadas ao desenvolvimento de uma visão consciente por parte do público. A Escola de Frankfurt fez parte dessa manifestação de descontentamento que revelava uma visão de meios de comunicação manipuladores e um público inerte, como mostra a teoria da agulha hipodérmica. A teoria das mediações de Martín Barbero e o desenvolvimento dos meios eletrônicos reconfiguraram a maneira como as tecnologias e a educação estão inseridas uma na realidade da outra. Ao longo do tempo o campo da comunicação e a educação passaram por inúmeras transformações, mas os métodos de ensino permaneceram obsoletos e os meios de comunicação obedecendo fortemente a questões mercadológicas. Ainda assim inúmeras instituições têm feito um esforço deliberado para que seja dada a devida importância à inter-relação entre essas áreas de conhecimento. Enquanto alguns identificam os meios de comunicação como recurso para uma melhor atuação do profissional de educação, outros os entendem como mecanismo de poder que deve ser dominado. Essa segunda visão traz a tona as questões políticas envolvidas nos mecanismos utilizados pelos Meios de Comunicação de Massa. Foi constatado no estudo de Ismar, que mesmo com o discurso da conscientização e participação, os meios de comunicação ainda não se mostram preocupados com o que a interferência do público pode trazer. A estruturação da educomunicação poderá contar com subsídios da sociologia e da antropologia para que não mais se criem teorias apenas com base nas necessidades práticas e imediatas. A educação para a comunicação não deve apenas gerar sujeitos críticos, mas autônomos. Já que esse tema tem sido trabalhado mundialmente em diversas instituições, uma revisão conceitual do sentido da recepção de conteúdos deve ser revista. Deve-se, entretanto, levar em consideração todos os fatores socio-culturais, e históricos que influenciam no uso feito dos conteúdos recebidos. A ideia central é que se rompa de uma vez por todas com a ideia de uma comunicação unidirecional e se instale a compreensão de que o receptor não é atingido de maneira inócua pela mensagem, mas que todos os seus valores alteram sua relação com a informação e o processo de aprendizagem. Por isso, o sentimento de pertencimento deve ser reforçado. A inserção da tecnologia em sala de aula é um tema que gera diversas opiniões divergentes. Muitos pesquisadores classificam isso como uma tentativa de disfarçar as falhas da atual metodologia de ensino. Em contrapartida, há aqueles que compreendam que as áreas de mediação tecnológica passíveis de exploração são diversas e, embora o educomunicador não consiga dar conta de todas, é importante prepará-lo para inserir os computadores em sala de aula levando em consideração as especificidades de cada ambiente e dos educandos. Unir educação e comunicação não significa “tapar buracos”, mas utilizar todas as ferramentas favoráveis para operar mudanças necessárias. É imprescindível compreender que fatores compõem a dinâmica de vida de cada indivíduo e usar a tecnologia não como um remédio para os problemas da educação, mas pensar de que maneira a educação acrescida da tecnologia pode contribuir para o crescimento do ser humano. Meios para uma educação inovadora Cada pessoa é um sujeito cognocente, que aprende de modo próprio. De acordo com Rosseau, o bom educador é aquele que se faz educando do seu educando, isso significa compreender como se dá a interação de todo aluno com os espaços sociais e se utilizar disso para tornar os conteúdos significativos e parte de seu referencial. Para reconhecer um aluno em ato e descobrir e desenvolver o seu potencial é fundamental levar em consideração determinantes sociais, culturais, históricos e ambientais, que alteram sua relação com o que lhes é apresentado. Esse é justamente um dos maiores desafios do ato intencional de educar. O sistema educacional brasileiro, em especial no caso das instituições públicas de ensino, é questionado quanto a sua qualidade e efetividade. O modo como se contextualizam as práticas pedagógicas devem ser abordadas com mais profundidade para a compreensão de problemas que podem não estar necessariamente ligados aos recursos físicos, mas à gestão deles. É nítida a falta de aproveitamento dos conhecimentos prévios do educando, quando o uso dos mesmos poderia ser muito útil para a formulação de explicações e métodos mais eficientes além de servir de ponto de apoio e articulação para a solução de dificuldades. Em muitas situações o ensino ainda é visto como algo altamente inflexível. A noção que se tem de que o aprendizado deve ter o diálogo como base é deixada de lado. Revela-se então, uma educação entendida como fluxo unilateral. No entanto, o professor deve estimular a ação ativa e reflexiva do aluno, é fundamental fazer com que o ensino seja dinâmico e envolva trocas para o desenvolvimento pleno dos envolvidos no processo educativo; processo este que é o exercício coletivo do conhecimento. Isso se dá antes mesmo que se freqüente uma escola. No caso das crianças, brincadeira e aprendizado se confundem: A criança está sempre brincando, ela é um ser lúdico, mas a sua brincadeira tem um grande sentido. Ela corresponde com exatidão à sua idade e aos seus interesses e abrange elementos que conduzem à elaboração das necessárias habilidades e hábitos. (...) Nenhuma brincadeira repete outra com exatidão, mas cada uma delas representa em um instante situações sempre novas, que exigem soluções sempre novas. Neste caso, é necessário ter em vista que esse tipo de brincadeira brincadeiras convencionais é uma grandiosa experiência social. Na brincadeira, o esforço da criança é sempre limitado e regulado por uma infinidade de esforços dos outros participantes da brincadeira. Em toda tarefa-brincadeira se insere como condição obrigatória a habilidade de coordenar o seu comportamento com o comportamento dos outros, de colocar-se em relação dinâmica com os outros participantes , de atacar e defender-se, de prejudicar e ajudar, de prever o resultado do seu desenrolar no conjunto global de todos os participantes da brincadeira. Esse tipo de brincadeira é uma experiência coletiva, viva da criança e, nesse sentido, é um instrumento absolutamente insubstituível de educação de hábitos e habilidades sociais. (VIGOTSKI, 2004, p.120-122) A criação do contexto favorável, que estimule hábitos positivos, e o convívio em espaços dialógicos tornam o indivíduo capaz de pensar em diversas perspectivas. É importante que a transmissão de conhecimentos não seja tomada como prioridade sem que se conceda ao aluno a oportunidade de ver o processo como algo prazeroso. O conhecimento se dá através de trocas que são embasadas, primordialmente, pela comunicação que permite a integração e a contextualização. Estes fatores, por sua vez, propiciam a interiorização, que segundo Moran (2009), “é um processo de síntese pessoal, de reelaboração de tudo o que captamos através da interação.” Esse processo possibilita a formulação de conceitos e entendimentos próprios, não apenas a reprodução do que nos é mostrado. Tudo isso pode se aplicar às inovações tecnológicas e orientar o seu uso. Além disso, as tecnologias podem otimizar as práticas pedagógicas que oferecem mais liberdade ao sujeito. Mesmo enxergando uma sociedade orientada por disputas e com muitas impressões distorcidas, as tecnologias nos permitem mostrar, buscar e realizar o que somos e/ou queremos. Estamos conscientes da forte interferência das tecnologias da comunicação sobre o dia-a-dia de todos. Mesmo quando não se tem alcance para utilizá-las, certamente elas alteram a dinâmica dos espaços em que estão e, em algum momento, o reflexo disso é sentido. A cultura digital e as práticas escolares de leitura já estão irremediavelmente ligadas, por isso, deve-se considerar a formulação de uma unidade de sentido entre as diversas possibilidades oferecidas pelas tecnologias e os conteúdos lecionados em sala de aula. Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na sala de aula A matéria prima da aprendizagem é a informação organizada, significativa: a informação transformada em conhecimento. A escola pesquisa a informação pronta, já consolidada e a informação em movimento, em transformação, que vai surgindo da interação, de novos fatos, experiências, práticas, contextos. Existem áreas com bastante estabilidade informativa: fatos do passado, que só se modificam diante de alguma nova evidência. E existem áreas, as mais ligadas ao cotidiano, que são altamente susceptíveis de mudança, de novas interpretações. (Moran, 2009) Tomando por base esse excelente excerto do texto de Moran, chegamos a significativas conclusões. Uma das primeiras é que, dentro do modelo linear de aprendizado, onde o educador fornecia um “pacote pronto” de informações aos alunos, já não é mais satisfatório às novas necessidades das crianças que cresceram sob a égide da cultura participativa e da liberação do pólo de emissão (Lemos, 2003). Em segundo lugar, dentre as áreas “susceptíveis de mudança”, vemos que os novos meios de comunicação trouxeram outros desafios aos professores. Agora, cabe a eles, organizar a vasta quantidade de informações disponível na mídia impressa e na digital para, assim, fornecer conhecimento aos seus alunos. Afinal, no século XXI temos uma profusão de estímulos informacionais, mas isso não significa que acumulamos mais saberes. “O educador continua sendo importante, não como informador nem como papagaio repetidor de informações prontas, mas como mediador e organizador de processos.” (Moran, 2009) Também verificamos um interessante fenômeno que é a democratização da informação, fruto da utilização dessas novas TICs. Dentre várias iniciativas inovadoras, citaremos a disponibilização de materiais educacionais para pesquisa feita pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) de Chicago. o MIT oferece todo o conteúdo dos seus cursos em várias línguas, facilitando o acesso de centenas de milhares de alunos e professores a materiais avançados e sistematizados, disponíveis on-line http://www.universiabrasil.net/mit/ (Moran, 2009) No entanto, o excesso de informação faz com que muitos alunos busquem o mais fácil através do famoso CRTL+C CRTL+V1. Com efeito, é papel dos educomunicadores e dos professores, além de ensinar o conteúdo didático de sua respectiva matéria, criar condições para que os alunos “aprendam a aprender”. Com isso, queremos dizer que eles devem instruir seus alunos para o uso saudável da internet e para pesquisar conteúdos com critérios éticos. Nesse contexto de mudanças constantes, o papel do educomunicador na mediação entre novas tecnologias e aprendizagem deve ser valorizado e mais uma vez ressaltado.
bOrkut: um exemplo de aplicação das TICs à sala de aula/b
Um exemplo de como as novas tecnologias podem ser utilizadas em ambientes educacionais provém do Orkut. Esta rede social possui inúmeras potencialidades que podem incrementar o processo de aprendizagem. Ela também reflete uma característica comum da internet: a finalidade de uma ferramenta online se dará pelos usos e apropriações que se fazem dela. Para executar esse potencial para a aprendizagem colaborativa, devemos tomar algumas medidads no uso do Orkut, como, por exemplo: a temática discutida deve estar relacionada à educação; há a necessidade de um moderador (o próprio professor ou um aluno-monitor) para mediar as discussões entre os participantes; manter uma atualização constante da comunidade, fornecendo informações relevantes. Acredito que esses princípios básicos adotados para a utilização do Orkut em sala de aula possam ser apropriados com êxito para outras redes sociais emergentes. Dentre as várias aplicações educacionais desta ferramenta, podemos citar: integrar os alunos em uma comunidade virtual; promover a troca de experiências entre eles; fomentar discussões que estimulem o poder de argumentação e o espírito crítico dos alunos; incentivar os alunos a encontrar pessoas conhecidas na rede, e contatá-las; buscar comunidades com temas que lhes agradem; elaborar trabalhos colaborativos, contando com a participação de toda a turma ou, quem sabe, do colégio inteiro. Para bem utilizar essa rede, devemos traçar primordialmente um planejamento, com critérios e objetivos bem definidos, para um período letivo ou para um triênio, talvez. Através dele, o professor poderá guiar melhor os seus esforços e executar atividades com metas mensuráveis qualitativamente. Não obstante todos os benefícios já citados, cabe fazer uma ressalva. Em nosso levantamento de fontes de pesquisa, encontramos inúmeros blogs que abordam a temática desse artigo. Neles, verificamos que muitos professores ainda relatam que a utilização das novas tecnologias no ambiente escolar ainda enfrenta oposições. Como exemplo, citaremos um trecho do comentário de Auxiliadora Padilha publicado no blog dorapadilha.blogspot.com, em 10 de maio de 2009 às 16:37: ... realmente ainda há muito pré-conceito em relação ao uso não apenas do orkut, mas das tecnologias em geral na sala de aula. Mas acho que isso está sendo revertido, através das formações, das divulgações de experiências e principalmente, pela possibilidade da Internet de difusão das idéias e estudos. Dentro desse contexto, a figura do educomunicador seria de grande valia. Sua formação acadêmica lhe dá o suporte necessário para trabalhar com eficácia o uso dos meios de comunicação, dentre eles a Internet, em sala de aula. Além disso, sua atuação pode ajudar a sedimentar uma visão pró-uso das tecnologias em sala de aula. O papel do educomunicador em sala de aula O principal papel do educomunicador em sala de aula é fazer com que o aluno interaja, de forma consciente e agregadora, com as novas ferramentas de ensino, ultrapassando, assim, as fronteiras da educação convencional. Dentro desses novos instrumentos pedagógicos, como a televisão, rádio e jornal, a internet é um dos meios mais importantes, por agregar todas as outras mídias em um mesmo espaço. Além disso, proporciona a conexão com diferentes pessoas, de diferentes lugares ao mesmo tempo. Com o uso da internet em sala de aula, o educomunicador possibilita ao aluno construir o seu próprio conhecimento, através da interação e da troca de experiências, o que contribui para o processo cognitivo e de aprendizagem do educando. A inclusão das novas tecnologias necessita de um entendimento aprofundado por parte dos professores, já que isso promove a modernização e renovação de estratégias e processos educacionais. No entanto, essa questão ainda precisa ser debatida e entendida por muitos educadores, pois grande parte ainda possui certa resistência com a relação ao uso do computador. Alguns acreditam que, como a internet é um campo aberto, os alunos não poderiam ser controlados quanto ao assunto que buscam e sites que navegam no ambiente digital; outros não têm consciência sobre a importância dessa ferramenta na sala de aula; já um terceiro grupo alega que os educadores não possuem uma formação correta que promova uma “Educação para os Meios” de qualidade. Dessa forma, para alterar esse debate, a Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, dará início ao novo curso de Licenciatura em Educomunicação. O principal responsável pelo projeto é o Professor Ismar Soares, já citado acima, que desenvolve um trabalho de pesquisa nessa temática há alguns anos. Ele explica que a graduação na área formará um especialista na interface entre o ensino e a comunicação, processo cujo preparo é complexo e inspira dedicação. A partir de um estudo mais aprofundado, o educomunicador compreende que o computador e outras mídias contribuem muito para a geração de conhecimento, porém sozinhos não ajudam completamente, precisam da mediação de um especialista, que detém o conhecimento teórico, para, assim, se tornarem realmente úteis. Hoje, os educadores devem estar conscientes das mudanças na educação e no poder de aprendizagem de cada aluno, pois só assim a atuação docente será de qualidade. O uso da internet no ambiente escolar, nesse caso, é uma necessidade para a renovação das didáticas e processos pedagógicos, e é o professor quem assumirá o papel de incentivador e mediador dessas ferramentas, colaborando com o desenvolvimento dos alunos de forma ampla. Além disso, os cursos de Educação à Distância também estão se apropriando dessas novas ferramentas de ensino. Segundo o especialista José Moran, “antes a EAD era uma atividade muito solitária e exigia muito auto-disciplina. Agora com as redes, a EAD continua como uma atividade individual combinada com a possibilidade de comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.” Ainda de acordo com o autor, os cursos online e presencial também são focados na informação, no poder individual de aprendizagem de cada aluno e na interação com o educador. No entanto, “convém que os cursos hoje – principalmente os de formação – sejam focados na construção do conhecimento e na interação; no equilíbrio entre o individual e o grupal, entre conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte preparado e em parte construído ao longo do curso”. Com essa inovadora prática educativa, o educador poderá aplicar todo o seu potencial pedagógico e motivar o educando a construir o seu próprio conhecimento, através da interatividade nesse ambiente digital. O aluno torna-se participante ativo, interagindo e conhecendo, claramente, seus objetivos no processo de aprendizagem. Tendo em vista essas competências, é preciso que o educomunicador estimule a utilização das mídias e novas tecnologias, para que possibilite a criação e transformação do conhecimento. Principalmente, deverá fomentar a comunicação entre os alunos, com o objetivo de expandir a autonomia de cada um deles no processo educacional. Essa perspectiva propõe que os educandos tenham acesso às informações, além de proporcionar uma moderna transmissão de conhecimento, isto é, sem precisar se restringir à um ambiente fechado e ao contato face-a-face com o professor em sala de aula. Observa-se, ainda, outros argumentos que norteiam a utilização de equipamentos audiovisuais e internet na Educação. Não só a escola sairá ganhando com esses usos, mas, também, a sociedade como um todo, que possuirá profissionais mais bem preparados e atualizados, com visão crítica dos conteúdos informativos disponíveis e grande capacidade de pesquisa e busca de conhecimento. Considerações finais O papel do educomunicador em sala de aula, inserindo novas tecnologias e meios de comunicação nas atividades escolares, se configura ainda como algo muito novo, que necessita de aprimoramento, estudo e dedicação por parte dos especialistas nessa área. Com esse novo contexto de ensino-aprendizagem, educandos e educadores obterão resultados positivos, pois o aluno terá acesso a diferentes tipos de imagens e sons, além de poder interagir de forma dinâmica com alunos de outras escolas, culturas e, até mesmo, outros países. Isso proporcionará o intercâmbio de idéias, informações e experiências, o que é sempre enriquecedor. Já para o professor, o benefício será a constante atualização de seus conhecimentos e a possibilidade de ampliação e troca de informações e conceitos, o que acarretará a melhora da qualidade de seu ensino e didática. É notável que, ao agregar as novas tecnologias à metodologia de ensino, são facilitadas outras estratégias pedagógicas, que possibilitam a comunicação, interação, conexão e troca de idéias e opiniões com diferentes pessoas, geograficamente dispersas, de diversas origens e credos. Isso tudo só fortalece a expansão do conhecimento e a discussão para um crescimento em conjunto. Entretanto, de acordo com Moran, ainda é possível perceber que, mesmo com esses modernos instrumentos, existe uma dificuldade no desenvolvimento emocional e psicológico de educandos e educadores. É necessário que haja uma mudança não só na inclusão dessas tecnologias, como também no amadurecimento intelectual e emocional de professores, gestores e alunos. São poucos os educadores que conseguem integrar as vertentes da teoria e da prática, de modo a aproximar o intelecto da experiência cotidiana. Para isso, os educomunicadores devem buscar valorizar a inteligência emocional, tão discutida nos dias de hoje, através do contato pessoal com seus alunos. As relações precisam ser estabelecidas na forma de se comunicar, no acompanhamento do aprendizado, na maneira de agir e, acima de tudo, se tornando disponível para ajudar no que for necessário. Referências bibliográficas MORAN, José Manuel. Como utilizar as tecnologias na escola in: A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 4ª ed. São Paulo: Papirus, 2009, p.101-111. __. Caminhos para a aprendizagem inovadora in: Novas tecnologias e mediação pedagógica. 15ª ed. São Paulo: Papirus, 2009, p.22- 24 LEMOS, André; Cunha, Paulo (orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 11-23. VIGOTSKY, Lev. Semenovich, 1896-1934. Formação Social da Mente: 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p.120-122.
SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação / Educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais. Revista Contato – Brasil, número 2, jan/fev/mar, 1999.