Soube da palestra algumas horas antes e como já havia ouvido falar da pesquisadora que estuda exatamente imagem e formação, me baguncei toda e desbagunçei para ir até lá e escutar e anotar páginas e páginas da agenda sobre o que ela me provocava com palavras extremamente novas para mim naquele contexto.

A pesquisadora usa e abusa de metáforas imagéticas para criar um discurso que ao mesmo tempo que protagoniza as práticas docentes, as problematiza. Trás conceitos como original e traduções deste. Quando fala em avaliação, destaca que é a tradução do original que o professor realiza em sala de aula que será cobrada na avaliação. 

Se pensarmos por esse viés, abrangemos a tradução subjetiva dxs alunxs também.

A tradução, porém, não é, não deve ser, e impossível ser uma reprodução do original. 

Há que se considerar portanto o processo de invenções e criações, o processo criativo do professor ao traduzir, ao trazer um conteúdo, um texto, uma imagem, uma obra para sala. "A tradução é sempre crítica" "A tradução não age no reflexo e na cópia, não somos simples instrumentos, mas inventores." "Nos cortaram o saberfazer, obturaram os canais perceptivos"

Os professores em formação nos pedem: "Professora, nos ensine a dar aula! Mamar no seio materno".

Corazza fala sobre uma crosta na qual tendemos a viver, quando a invenção é subalterna à reprodução. Trás a noção de "empirismo transcendental" de Deleuze quando nos colocamos sobre o que está posto.

"Tradução transcriadora cria novos códigos"

O trabalho educacional, para Sandra, pode gerar curto-circuito (gostei disso!)

E uma das coisas que ela faz, pelo o que eu entendi, é "extrair os procedimentos tradutórios", uma linha de raciocínio até agora, mas aqui inclusive, muito próxima de pesquisa-formação e cotidianos.

Essa noção de VIVO e MORTO também aparece muito na sua fala e a vida se dá através da tradução.

"Não ensinamos as quatro traduções, mas transculturamos"

"Recriar é a meta de um tipo especial de tradução: a tradução-arte"

Por fim, a questionei sobre o ORIGINAL. Que história é essa de original? Quanto à tradução foi fácil entender, mas esse termo me remete à algo puro, como se o original fosse possível e já não seria uma tradução. Toda tradução é original? Todo original é tradução?

Sua resposta: O original é algo que não existe sem leitura e escrita dele. O original é um ponto de partida.

Saímos tonteados de lá, conversei ainda um pouco com ela pelos corredores e combinamos de trocar via email. Ela ainda usa @terra.com.br!

Íamos tomar uma Original em sua homenagem, mas desceu melhor uma Devassa. 

Última atualização: quinta-feira, 4 set 2014, 21:58