Introdução
As tecnologias (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia) da informação e comunicação vêm inaugurando novas maneiras de ser, se relacionar, aprender, ensinar, perceber o mundo e agir sobre ele. No bojo dessas transformações, nasce um novo sujeito: a criança que se apropria “naturalmente” dos aparatos tecnológicos a que tem ou terá acesso. Ainda que se reconheçam as devidas mediações da família e da escola neste processo, é importante salientar a subversão que o contexto da cibercultura vem anunciando quanto à representação da infância e do adulto em suas relações com a tecnologia. Enquanto propagandas e a mídia em geral apresentam a criança autônoma e desconcertante no domínio das máquinas, o adulto é imbecilizado e inferiorizado por crianças e jovens. Em linhas gerais, a revolução tecnológica funda uma época em que a noção de experiência vincula-se ao domínio do aparato técnico e faz com que criança deixe de ser definida pelo que não sabe ou não tem, denunciando uma certa crise entre as gerações.
Interação e Interatividade
Atualmente as palavras interação e interatividade estão cada vez mais em voga e circulam por muitos lugares: programas de televisão e rádio, embalagens de produtos eletrônicos, campanhas de marketing entre outros. Buscando uma reflexão sobre esses termos, apresento a seguir as definições do dicionário Michaelis (online):
Interação – sf (inter+ação) 1-Ação recíproca de dois ou mais corpos uns nos outros. 2-Atualização da influência recíproca de organismos inter-relacionados. 3-Ação recíproca entre o usuário e um equipamento (computador, televisor etc.). I. social, Sociol: ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma sociedade.
Interatividade - (interativo+i+dade) sf Qualidade de interativo.
Interativo - adj (inter+ativo) 1-Diz-se daquilo que permite, ou é capaz de interação: Televisão interativa. 2-Inform. Diz-se do sistema multimídia em que um usuário pode executar um comando e o programa responde, ou controlar ações e a forma como o programa funciona. 3-Inform. Diz-se do sistema de visualização que é capaz de reagir a diferentes entradas do usuário. 4-Inform. Diz-se do modo do computador que permite ao usuário colocar comandos, programas ou dados, recebendo respostas imediatas.
Como veremos a seguir, estas definições não diferem muito das trazidas pelos autores Alex Primo (2000, 2005) e Marco Silva (2010a, 2010b). Podemos constatar que Primo conceitua interação a partir da relação entre pessoas e Silva conceitua interatividade na relação homem-máquina, onde o homem é capaz de alterar algo que está na máquina.
Interação
Alex Primo (2005) entende que a interação é a relação entre os participantes do encontro, ou seja, uma ação entre os sujeitos. Partindo da definição de que a interação humana é um sistema aberto, ele descreve as características desse sistema, a saber: globalidade, que é a interdependência entre as partes de um sistema; retroalimentação ou circularidade, que é a percepção de que cada comportamento individual afeta e é afetado pelo comportamento do outro; e a última característica, equifinalidade, possibilita que estes sistemas atinjam um estado independente das condições finais. Ele ressalta ainda a importância dos processos de negociação (entendidos como comunicação para resolução de diferenças) e da observação do contexto em que se dá a interação.
A partir desta delimitação, Primo (2005) sugere que o conceito de interação seja classificado, principalmente, em interação reativa e mútua. Para discuti-los, o autor utiliza as seguintes dimensões:
sistema - um conjunto de objetos ou entidades que se inter-relacionam entre si formando um todo; processo - acontecimentos que apresentam mudanças no tempo; operação - a produção de um trabalho ou a relação entre a ação e a transformação; fluxo - curso ou seqüência da relação; throughput - o que se passa entre a decodificação e a codificação, inputs e outputs (para usar termos comuns no jargão tecnicista); relação - o encontro, a conexão, as trocas entre elementos ou subsistemas; interface - superfície de contato, agenciamentos de articulação, interpretação e tradução (PRIMO, 2000, p. 7).
A interação reativa é baseada no sistema de estímulo-resposta e a interação mútua tem como principal característica “o complexo de relações que ocorrem entre os participantes (onde os comportamentos de um afetam os do outro)” (PRIMO, 2000, p.12).
Interatividade
Já a interatividade, de acordo com Marco Silva (2010b), é um mais comunicacional, permite coautoria, cocriação do usuário em relação ao produto, além de permitir a modificação dos conteúdos. De acordo com ele, é a “possibilidade libertadora da autoria do usuário sobre sua ação de conhecer” (p. 45). Este autor destaca três características que fundamentam a interatividade, são elas: a) bidirecionalidade-hibridação que é a comunicação feita a partir do consenso de que não se pode mais separar o emissor e o receptor. Baseia-se na troca entre estes pólos, onde cada um assume o papel do outro, não havendo mais distinções; b) participação-intervenção permite que o usuário participe do processo de produção; e c) potencialidade-permutabilidade é a liberdade de navegação sem pontos fixos de saída ou chegada, ou seja, a possibilidade do usuário em decidir o que acontece no monitor.