Livro- Estratégias Pedagógicas Colaborativas

Site: Docência Online
Curso: 2010-2. Oficina de Educação Online
Livro: Livro- Estratégias Pedagógicas Colaborativas
Impresso por: Usuário visitante
Data: segunda-feira, 20 mai 2024, 12:28

Descrição

Professoras: Aline, Jane, Mirian e Sandra

Sumário

Introdução

Como as tecnologias digitais impactaram a educação nesses novos tempos?

A emergência do ciberespaço e da cibercultura

Educação online e construção do conhecimento em rede

A perspectiva comunicacional da docência online

Mediando o processo de aprendizagem

Estratégias colaborativas

Interfaces colaborativas

Introdução

Tecnologias digitais e Educação

No contexto contemporâneo – caracterizado pela globalização de mercados as tecnologias da informação e da comunicação impactam significativamente o processo educacional. Computadores, MP3, MP4, i-Pods, I-Pads, celulares e até lousas digitais adentram o espaço da sala de aula, anteriormente sob a batuta do professor. Mudanças físicas e comportamentais se fazem sentir. A escola passa a ser um dos muitos espaços educacionais em que o aluno busca informação qualificada. Os professores têm de rever suas práticas, para atender às demandas requeridas na relação ensino/aprendizagem. Esses novos aparatos impõem desafios à educação, ao invadirem, de forma irreversível, nossas escolas.

Nessa perspectiva os convidamos a participar de nossos debates sobre  os impactos e as apropriações das tecnologias digitais, no âmbito da Educação, considerando os processos de aprender e de ensinar.

Tecnologias digitais e educação - novos tempos, novas abordagens

O cenário mundial se caracteriza por modernos meios de comunicação, liderados pela internet, que possibilita rapidez e acesso instantâneo às informações, com implicações significativas para o conjunto de atividades e valores da sociedade contemporânea, contexto em que se insere a Educação. O impacto das tecnologias digitais nas instituições de ensino abre espaço para novas formas de ensinar e de aprender, em consonância com o paradigma da Sociedade do Conhecimento, caracterizado pelos princípios da diversidade, da integração e da complexidade.

Estrategicamente, a mídia se apropria do computador, fenômeno popular a que todos querem ter acesso, especialmente, a população mais jovem. Para atingir essa população, em sua maioria carente de condições econômicas, só tem um caminho: a escola que, cada vez mais, procura repensar e redimensionar seus métodos de ensino, especialmente no que se refere ao modelo tradicional de transmissão de conteúdos e valores, próprio da cultura de massa e presente em mídias como o rádio, a imprensa e a TV.

http://www.youtube.com/watch?v=SXijT8UJb6M

Que desafios e dificuldades surgem com a incorporação dessas tecnologias à prática educacional?

Quando pautadas em princípios voltados à construção do conhecimento e ao aprendizado significativo, interdisciplinar e integrador do pensamento racional, estético, ético e humanista – essas tecnologias fomentam o desenvolvimento de competências relacionais, cognitivas, produtivas e pessoais no processo educativo; o que exige recriar estratégias e situações de aprendizagem relevantes para o aprendiz, sem perder de vista o foco da intencionalidade educacional, mediante a organização e planejamento dos conteúdos de forma agradável, a resolução de conflitos interrelacionais e o gerenciamento adequado das atividades propostas.

Nessa perspectiva, abre-se um leque de possibilidades para o professor, que pode tornar a relação com os sujeitos e os objetos de aprendizagem muito mais eficaz e eficiente. Por outro lado, o aluno precisa aprender a lidar com esses novos recursos, utilizando-os de forma responsável, ao mesmo tempo em que divide com o professor e os colegas os diferentes saberes que emanam do ambiente de aprendizagem.

A perspectiva comunicacional na docência online

Lévy (2005) afirma que foi com o surgimento do ciberespaço (interconexão mundial de computadores), que se formou a grande e única megalópole virtual, na qual todos os centros urbanos se interconectam e formam a sociedade planetária. Esse espaço não territorial possibilita o florescer de uma nova cultura: a cibercultura, “[...] conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores” (p. 17), que se desenvolve nesse meio e potencializa aprendizagens permanentes, personalizadas e cooperativas, mediante navegação em espaços de saber não totalizantes.

Nessa perspectiva, a educação online combina diversos componentes didático-pedagógicos, a partir de projetos pedagógicos embasados em teorias de aprendizagem socioconstrutivista, como material impresso, vídeos, CD de conteúdo e CD de áudio e passa a questionar a lógica da transmissão própria da cultura de massa e dos sistemas de ensino, presencial e a distância, propondo a liberação do pólo de emissão das tecnologias digitais, permitindo que se pratiquem novos arranjos espaçotemporais, na educação de indivíduos dispersos geograficamente, potencializando a aprendizagem colaborativa.

Lemos (2003) afirma que a cultura contemporânea, representada pela cibercultura, é marcada pelas tecnologias digitais, que possibilitam a geração e a disseminação de conhecimentos, mediante conexão generalizada, do tudo em rede, inicialmente fixa e, agora, cada vez mais móvel, que ressalta, a um só tempo, a ubiqüidade e a instantaneidade, evidenciando um sentimento de religação entre as pessoas, através de e-mail, blogs, listas de discussão, twitters, entre outros.

Mas, afinal, o que é cibercultura?

A cibercultura representa uma nova forma de se relacionar com o outro e com o mundo. Em relação às práticas adotadas para esse fim, muito se tem discutido. Enquanto alguns autores as defendem, alegando que elas guardam aproximações com o espaço das teatralizações cotidianas, outros as criticam pela ausência de referência física e anonimato, alertando para o risco de se estabelecer relações de confiança, em formas midiáticas online. Na realidade, diz Lemos (2003), o que se deseja, para além da conexão em rede e do simples falar ou ouvir, é a navegação, a interação e a simulação. Ressalta, ainda, o autor, que o clique generalizado possibilita a ação imediata, o conhecimento simultâneo e complexo e a participação ativa nos diversos fóruns sociais.

Entretanto, a aquisição do conhecimento pressupõe a compreensão de todas as dimensões da realidade, captando e expressando essa totalidade, de forma cada vez mais ampla e integral. E isso requer, além da conexão, competências relacionadas a habilidades de ler, compreender, interpretar, relacionar, analisar, sintetizar e aplicar, entre outras; ou seja, acessar o objeto de todos os pontos de vista, por todos os caminhos, integrando-os da forma mais rica possível (MORAN, 1994).

Com a liberação do pólo de emissão, a cibercultura põe em xeque o modelo clássico da informação: “emissor e receptor mudam respectivamente de papel e de status, quando a mensagem se apresenta como conteúdos manipuláveis e não mais como emissão” (SILVA, 2003, p. 53). Aqui qualquer um pode ser além de consumidor, produtor da informação -emissor, criando, dessa forma, espaço para a interatividade.

Para Silva (2001) interatividade é “a abertura para mais e mais comunicação, mais e mais trocas, mais e mais participação”. Constitui-se no não linear, no ato de colaboração, é sentido de poder, é permutabilidade e é a possibilidade de o indivíduo falar, ouvir, argumentar, criticar; ou seja, estar conscientemente disponível para mais comunicação. O autor afirma que participar é intervir na mensagem como cocriação da emissão e da recepção e que o mundo das interfaces representa o espaço propício à interatividade, pois permite a fusão sujeito-objeto (obra). Nele, o usuário tem liberdade de escolha, navega livremente, faz permutas, estabelece conexões, seleciona e utiliza informações de seu interesse, em tempo real.

É fato que o ciberespaço demanda, dos professores, uma nova forma de atuação. Educar na cibercultura é olhar o aprendente de outro lugar, construindo uma nova relação com o saber; uma relação que está em constante movimento, menos rígida, favorecendo uma aprendizagem ao mesmo tempo personalizada e coletiva em rede, tendo em vista a construção do conhecimento.

Como podemos então, imaginar que a sala de aula, espaço social por excelência, possa passar incólume a tais mudanças? É preciso entender que essa transformação altera o espaço educacional. Não cabe mais pensar num aluno passivo diante de um professor orador.

O que pensar, então, sobre as formas de ensinar e aprender? qual o papel do professor num contexto em que a informação não é seu monopólio?

O contexto digital requer outras formas de pensar. Isso implica compreender o aluno dos dias atuais - a geração net, para quem o acesso à informação é mais interativo e menos sequencial, dado que seu pensamento não é linear, pois privilegia a intertextualidade. Para esse aluno, a escola deve ser provedora de informação qualificada, significativa e multimídia; nela a pedagogia da transmissão perde sua força e dá lugar a processos de participação, colaboração, cooperação, interatividade e dialogicidade, tendo em vista a construção do conhecimento. Em outras palavras, educar na Sociedade da Informação,

significa muito mais que treinar as pessoas para uso das tecnologias da informação e da comunicação: trata-se de investir na criação de competências amplas, que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas no trabalho, bem como aplicar criticamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. (...) de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica (TAKAHASHI, 2000, p. 45).

Na cibercultura, o professor é deslocado do papel de transmissor de conteúdos para o de mediador, dinamizador, orientador do processo ensino-aprendizagem, o que faz com que educadores tenham que repensar a formação desse profissional e o modelo de ensino a escolher, tornando-se, segundo Belloni (2008), um parceiro do aluno, contribuindo para a construção de seu conhecimento mediante atividades de pesquisa e a inovação de suas práticas pedagógicas. Esse novo papel do professor incide diretamente no desenvolvimento da autonomia do aluno, centro do processo de aprendizagem, fazendo com que a atuação docente esteja muito mais voltada para o diálogo do que para o monólogo, alterando, dessa forma, a hierarquia escolar do saber e a própria dinâmica da sala de aula. A ideia de um aluno autônomo, mais independente, capaz de autogerir seus estudos e regular seu processo de aprendizagem, traz junto a concepção de educação ao longo da vida como um caminho que vem ao encontro das novas exigências sociais.

Esse novo papel exige do professor abertura para mudanças; o que implica o desenvolvimento de competências relacionadas ao saber, ao fazer e ao ser, além de comprometimento com resultados, tendo em vista formar indivíduos capazes de atribuir novos sentidos para sua realidade; pessoas críticas e reflexivas, que que saibam tomar iniciativas, e propor soluções diante de novas circunstâncias. Em síntese, uma educação que lhes possibilite exercitar, no coletivo, sua individuação.

A escola, por sua vez, deve se integrar à realidade da cibercultura, sob pena de perder o contato com as novas gerações e de se tornar obsoleta como espaço de socialização; repensar como se organizam tempo e espaço em seu interior; de que forma sua organização contribui para o desenvolvimento da autonomia; como se relacionam e interagem professor e aluno; qual a a sua concepção de educação, dado que as concepções mais construtivistas do processo de aprendizagem estão alinhadas às potencialidades interativas da cibercultura, mediante a realização de aprendizagens significativas, nas quais o aluno constrói, modifica, diversifica, expande e estabelece relações que enriquecem seu conhecimento e proporcionam crescimento.

Para tanto, torna-se fundamental que transcenda seus muros, rompendo velhos paradigmas e adote uma prática pedagógica contextualizada e dinâmica, que enfatize o desenvolvimento contínuo do professor, além de reavaliar sua grade curricular, que deve privilegiar a interdisciplinaridade.

Mediando o processo de aprendizagem

Quando as formas de comunicação apoiadas em redes eletrônicas são bem utilizadas, promove-se o relacional nas interações, elemento incentivador que ajuda a dar significados e objetividade a esse contexto. Do mesmo modo que a compreensão e apreensão de enunciados exigem uma postura ativa; ou seja, uma relação recíproca entre falante e ouvinte, ou uma relação entre os ditos e os presumidos, as interações dialógicas online também permitem construir conhecimentos, conceitos, relacionamentos, entre outros. Porém, os objetos de aprendizagem só ganham sentido pelas relações que mantêm com todo o restante; e ainda, os objetos são eles próprios redes de relações, contidas nas redes maiores de relações entre objetos. Assim, a realidade, em última instância, constitui-se em complexa teia de relacionamentos.

Nessa perspectiva, o processo de mediação pedagógica consiste no “estar junto, virtualmente”; envolve recriar estratégias de aprendizagem a partir das inter-relações de materiais , atividades e interações. Esse entrecruzamento, no entanto, só é possível quando se respalda em princípios educacionais que concebem o ensino e a aprendizagem de forma articulada; a não sintonia entre esses elementos implica a supremacia de um ou outro: se o foco for o ensino, privilegiam-se os materiais; se for a aprendizagem, as interações.

Gutierrez e Prieto (1994) afirmam que a mediação pedagógica dá sentido à educação. Os ambientes de aprendizagem, por sua vez, quando dinamizam as relações, geram situações que permitem desenvolver estratégias mediadoras que envolvem pesquisa e dão significado à aprendizagem. Em um contexto relacional, a mediação pedagógica demanda do professor abertura para o novo, flexibilidade e atitude reflexiva e crítica sobre sua prática pedagógica.

Diante das aceleradas mudanças, os indivíduos precisam aprender a executar novas tarefas e dar conta das antigas com eficácia, o que implica produzir novos conhecimentos e colocá-los em prática de forma rápida, sistemática e alinhada aos objetivos que deseja alcançar.

Considerando a dialeticidade entre o que vai ser aprendido e quem aprende, o papel do professor extrapola a facilitação da aprendizagem e se projeta para uma dimensão muito mais ampla e que se refere à questão da formação. A mediação pedagógica assume, então, que seu objetivo fundamental é: instigar o aluno para aprender; articular as condições mais adequadas para a aprendizagem; intervir quando as dificuldades se tornam muito difíceis; e orientar nas formas de conduzir o pensamento reflexivo de modo a consolidar a autonomia crítica. Em outras palavras, a mediação se projeta para a formação do sujeito capaz de pensar com independência, mas também com coerência.

Como formador, compete-lhe estimular o debate e a reflexão crítica, observando atentamente a participação dos alunos nas atividades e a forma como resolvem os problemas, intervindo no momento adequado, o que deve ser revestido de cuidados, para não interromper o processo de interação entre os alunos e a troca de idéias, dado que a dinâmica grupal, a exemplo de um hipertexto, pode ensejar novos caminhos a serem explorados. Assim, tal preocupação vai requerer do professor flexibilidade e senso de oportunidade para explorar as questões que emergem nas interações.

Estratégias pedagógicas para a aprendizagem colaborativa

Alcântara et al (2004), apresentam quatro elementos básicos para mediar o processo de aprendizagem , quais sejam:

  • a interdependência positiva – todos são responsáveis pelo produto final que está em construção, ainda que haja uma divisão de tarefas.
  • a interação entre os interagentes –
  • a contribuição individual -
  • desenvolvimento de habilidades interpessoais e de atividade de grupo.

Portanto, do ponto de vista tecnológico, uma interface é fortemente dependente dos diferentes níveis propostos pelo design didático, podendo ser ampliada num ambiente virtual de aprendizagem que possibilite conectar outros sites, acessar documentos, ou outros campos do mesmo documento; agregar múltiplos pontos de vista; facilitar o acesso e a navegação; integrar várias linguagens, como sons, imagens, textos e vários suportes midiáticos. É fundamental que o ambiente de aprendizagem potencialize a comunicação síncrona (comunicação direta, em tempo real, online, através de chats, sala de bate-papos) e assíncrona (comunicação indireta, em tempos diferentes, off-line, através de murais de recados virtuais, fóruns de discussão, e-mail) e estimule a participação ativa dos educandos, a partir de situações-problema.

No entanto, convém sublinhar que, no processo de aprendizagem colaborativa, as tecnologias digitais constituem-se em grandes aliadas, ao potencializarem situações em que professores e alunos pesquisem, discutam e construam individual e coletivamente seus conhecimentos. Assim, da mesma forma que não garantem, por si só, a interatividade entre os participantes de um grupo - fundamental para que a ação comunicativa se realize, o ambiente de aprendizagem e suas interfaces não determinam a educação online: condicionam-na, afirma Santos (2005), o que exige que se agregue valor aos dispositivos oferecidos pelas tecnologias digitais, como (chat, fóruns de discussão, listas, portfólios, blogs, wikis, entre outros). Sua apropriação precisa privilegiar a construção de diferentes estratégias pedagógicas de aprendizagem colaborativa que desafiem o aluno a comparar, estabelecer relações de semelhanças e diferenças, experimentar, analisar, sintetizar e sistematizar conceitos inerentes ao processo de aprendizagem.

O flashmeeting como estratégia pedagógica colaborativa

O Flashmeeting é uma ferramenta da OPEN UNIVERSITY vinculada ao Projeto LABSPACE e a Comunidade COLEARN. FM é uma ferramenta de videoconferência. Ela permite que um grupo de pessoas on-line possa se comunicar em qualquer lugar do mundo. Videoconferência significa que você pode: • fomentar habilidades para resolver problemas • comunicar-se com pessoas com interesses comuns • ter uma discussão sobre a unidade que enviou para OpenLearn • trabalhar juntos em um desafio que você encontrou em algum material online. O Projeto FlashMeeting inclui um aplicativo baseado em Adobe Flash plug o em 'e Flash Media Server. Correndo em uma janela do navegador web padrão, que permite a um grupo disperso de pessoas para atender em qualquer lugar do mundo com uma conexão à internet. Normalmente uma reunião está pré-reservada por um usuário registrado e uma URL, contendo uma senha única para a reunião, é retornado pelo servidor. A 'booker' passa este para as pessoas que desejam participar, que basta clicar no link para entrar na reunião no horário combinado. Durante a reunião, uma pessoa fala (ou seja, emissões) de cada vez. Outras pessoas podem contribuir simultaneamente usando o texto do bate-papo, quadro branco, ou emoticons, etc, enquanto espera sua vez para falar. Uma repetição da reunião está imediatamente disponível para aqueles com o 'replay URL original.